desenho de Mima 

Índia

09/11/10

A segunda-feira anoiteceu sob encantadora luminosidade, luz dourada rebatida por imensos refletores, as grandes nuvens que, então, toldavam o firmamento. É uma condição de luz singular para o olho humano, por sua cor muito especial, que se perde ao registrar.

O dia, no entanto, foi quente, de céu azul e sol explícito ao tato. Precisei ir para os lados que muitos, por aqui, chamam de Índia, a se referir ao país, não à silvícola. Uma avenida com mais de quatro quilômetros, estreita a se espalhar entre a pobreza afluente que nos distingue nesses tempos. Dela, a avenida, já se fez um instantâneo aqui.

Caminhava procurando sombra e descobrir por que diziam Índia tal avenida. Calçadas estreitas, atravancadas por diferentes obstáculos - barraquinhas, camelôs, bancas, orelhões e postes com diferentes funções, entre outros - calçadas esculpidas em rampas, degraus e plataformas em desnível e, até, obstruídas por um resto pedaço de parede. Muita gente se esbarrando. Cocô de cavalo, já seco já entre os muitos dos cachorros vira-latas de toda cor e todo pelo, muito simpáticos, a ir e vir com desenvoltura.

Junto ao meio-fio, muito lixo, embalagens de guloseimas, guimbas etc. Muita criança e muito cachorro. Passam duas jovens de mãos dadas, anular e mindinho de uma seguros pela outra; pouco adiante, duas outras, de braços dados. Mas nada disso evocava o país à sombra do Himalaia.

Entre muitas lojas de 1,99, abundantes ali, vi uma, de roupas femininas, com três metades de manequim colocados na porta, com se estivessem entrando na loja, vestidos com calças decoradas com bordados e tachas, ostentando conspícuos e avantajados bumbuns, exagerados mesmo.

Passou um negro montado a cavalo, com chapéu e chicote, como se anunciasse desfilar ali a "brava gente brasileira" dos versos do pátrio hino.

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