cronista em desenho de Vicente Kubrusly (29-05-78) 

Insignes

09/02/15

Carregamos a fama qual mochila a nos pesar no dorso, recheada de histórias e fatos passados, vulto a nos alterar a silhueta e nos mostrar outrem aos demais. Por certo não se é agora quem há muito tempo conseguiu fama por façanhas louváveis ou desabonadoras. No entanto, tais feitos insistem, na consciência alheia, com a imagem de algum herói ou vilão.

É difícil olhar alguém conhecido sem a carga de sua fama. Ela insistia sempre: não afirme ser, diga que está. As coisas mudam, sempre, e trazer o passado para o atual dificulta a compreensão, atrapalha a novidade. Não sou isso ou aquilo, estou assim no momento, amanhã serei outro. Tomo-me como exemplo pois, sem dúvida, estou mais à mão.

Dos 24 aos 32 anos, por obra do acaso e da sorte fizemos uma escola de Fotografia. A constelação de inúmeros fatores determinou-lhe um relativo sucesso e trouxe alguma notoriedade à sua equipe. Pois bem, passados 40 anos, percebo muitas pessoas se dirigirem não a mim, mas ao rapaz que já não sou. Trazem a imagem de então e se decepcionam por eu não alimentar aquela fama.

Nos anos 90, envolvido em um projeto para fazer programas de televisão para um público adolescente, muito me espantei quando o diretor me perguntou de supetão: qual o seu ídolo, pois se preparava um programa com este tema. Pareceu-me tão absurda a pressuposição de minha idolatria, que fiquei sem resposta, em vez de apenas declarar-me não idólatra. Descobri, então, serem cantores, cantoras, jogadores e artistas em geral, tidos como ídolos pelo público e, logo depois, percebi até onde podia chegar a adoração popular.

imagem da internet
o tapete famoso

Apesar de repetirmos 'aqui e agora', de citarmos a inscrição do tempo de Apolo, em Delfos, dos pais alertarem os filhos: macaco, olha teu rabo etc., o vulto da mochila sempre altera a silhueta de quem pensamos conhecer.

Mon, 9 Feb 2015 09:53:52 -0200

nossa!, tem razão!

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:-)


Mon, 9 Feb 2015 10:50:22 -0200

Como diziam lá atrás: Todo mundo vai ser famoso por 5 minutos.Para quem acha o programa interessante...aproveitem! bj

      sem assinatura

É, mas essa conta não fecha: cinco minutos vezes sete bilhões (população do mundo) dá 35 bilhões de minutos ou 583 333 333 horas ou 24 305 556 dias ou 66 545 anos, ou seja, ninguém poderia ver esse filme inteiro...

:-)


Mon, 9 Feb 2015 12:06:01 -0200

Ótima observação. A propósito : "O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário..."

Grande abraço

Ebert

Sim, onde também a morte vem antes do nascimento.


Thu, 12 Feb 2015 09:54:35 -0200

Sábio!
Bjs
Ana

Sábio? Quem ou o quê? Eu? Não brinca...


Thu, 12 Feb 2015 20:56:00 -0200

Que beleza de texto, MerMão....


bjos

      sem assinatura

Obrigado.

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