Mais bonito

08/11/16

São dezessete horas e trinta minutos. É dada a largada para a temporada das tempestades de verão: uma poderosa trovoada parece rolar dos arredores para longe. Alguns minutos depois, desaba o dilúvio com grande pingos a retumbar como granizo, mas não há gelo.

Impressiona-me como são poderosos os fenômenos atmosféricos, como atingem de golpe o estado de espírito de todos, como calam de repente o burburinho das picuinhas, intrigas e maledicências e obriga a todos certa reverencia à fúria da natureza.

Ah, vem a lembrança do cheiro de terra a subir forte nessas ocasiões, minha irremediável perplexidade diante da quantidade de água escondida nas nuvens a passearem sobre nossas cabeças, o admirável planeta azul recheado de vida! Recheado não, dirão os implicantes, de magma incandescente, isto sim e, para estes, retifico: azul com sua fascinante biosfera!

A intempérie segue e rosna com a mesma fúria. Penso nas regiões desérticas, no sertão de secas proverbiais, nas garras do agreste a desafiar a vida e a eles todos bastariam chuvaradas periódicas, o açoite de temporais assim, com o condão de fazer brotar vida da umidade, seu berço natural.

Quase dezoito horas: a tempestade diminui, mas não para. A cidade encharcada dificulta a vida humana. Guarda-chuvas e capas protegem, mas sempre levam alguma água para os ambientes secos e pés e poças procuram evitar-se nesses tempos desprovidos de galochas...

Ah, as galochas! Corriqueiras em minha infância (eu mesmo tive algumas), hoje, perduram nos dicionários e em uma locução pejorativa para referir indivíduo enfadonho ou importuno, no dizer daqueles. Dezoito horas e seis minutos e a assinatura de chuva de verão: parou de chover!

Pela janela vejo, nas poças d'água, persistir um chuvisco muito fino, inaudível e confirmo também: o mundo molhado fica mais bonito.

Tue, 8 Nov 2016 14:15:45 -0200

ei cronista!
estou com vc: o mundo molhado fica mais bonito.

na nossa casa nova temos 180º de visão livre incluindo o nascente.

(mando umas amostras da vista da varanda)
e uma coisa q eu e teu mano novo adoramos fazer é acompanhar a chuva chegando lá da represa.


( adorei o desenho! quem é o artista?)

bjbj

bia

Considero este vasto horizonte como um privilégio sem preço. Adoro o longe para repouso do olhar. Aqui, o temos garantido pelo mar. É muito bonito olhar a chuva chovendo lá longe, sim. As fotografias são muito bonitas, mesmo.

O desenho é meu, de 1987, como nele se vê. É anterior aos computadores... papel. aquarela, lápis, nanquim... Coisas do outro século, "que os anos não trazem mais".


Tue, 8 Nov 2016 09:57:21 -0800 (PST)

sim, o mundo molhado fica mais bonito
e aki tem galochas, sim!
acho q depende do clima
de cada lugar ...

e de quem eh esse desenho maravilhoso?

      sem assinatura

Como se pode ver no próprio desenho, está assinado e datado datilograficamente! É de um tempo anterior aos computadores (pelo menos para mim) e preferia assim: rabiscando sobre uma mesa no papel...

Ele já fora usado aqui, há quinze anos, pouco mais...


Thu, 10 Nov 2016 19:47:11 -0200

... que lindo desenho da chuvarada...
e ainda por cima tem o seu simpático auto retrato, né?
é um artista, esse meu hermano... bjo

      sem assinatura

O desenho é bem antigo, de antes dos computadores.
Obrigado.

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