Uma imagem se faz motivo de especulações e galhofas mundo afora e traz à baila considerações sobre as mudanças profundas provocadas na Fotografia pelos atuais recursos para obtenção e compartilhamento de imagens fotográficas. Nela aparecem os sete atuais donos do mundo, os chefes de governo (ou ditadores) das sete nações mais ricas e, consequentemente, mais poderosas da Terra. Eis a fotografia:

fotografia de Jesco Denzel

Por toda parte ela foi reproduzida, comentada, modificada e complementada. Sim, posta ao lado de outras fotos do mesmo evento, reproduções de quadros famosos, cenas de histórias em quadrinhos e, até grotescamente adulterada.

Não falo aqui de implicações políticas ou diplomáticas, já exaustivamente debatidas pela imprensa mundo afora. Ressalto a mudança crucial no aspecto fotográfico do "momento decisivo", atualmente diluído pelo fenômeno da multiplicação de imagens.

A imutabilidade visceral da imagem fotográfica, onde o gesto incompleto permanece eternamente à espera de uma conclusão, onde a gota de um líquido desafia para sempre a gravidade, esta faceta tão característica da Fotografia acaba corrompida pela multiplidade de imagens do mesmo momento, e de um pouco antes ou pouco depois, a transformá-lo quase num filme, onde o movimento transpareceria da profusão de imagens.

A fotografia de Jesco Denzel para o governo alemão tem aquela qualidade fascinante de isolar e preservar um momento ímpar, quando olhares firmes dos protagonistas se cruzam, mas depois de examinar um sem número de outras imagens do mesmo evento, feitas de outros pontos de vista ou pouco antes, pouco depois, a excelência do trabalho documental perde em parte sua força, diluída na banalização e, na repetida exibição da fotografia original.

A quantidade e a ubiquidade se tornam, hoje, os aspectos predominantes da Fotografia.

Tue, 12 Jun 2018 11:39:08 -0300

é mesmo, dilui-se o momento crucial, excelente observação a sua!!!!

A porcaria da FOlha não abre o link, Atualmente, nem mesmo eu sendo assinante do Uol, veja o que aparece:

      sem assinatura

Pois é, me espantei ao perceber.

Quanto à mesquinharia da Folha/UOL, é muito fácil solucionar no SAFARI: Preferences > Security > desclica "Enable JavaScript". Feito isto, recarregue a página e volte a clicar para habilitar o JavaScript. Não sei como se faz no Chrome.

Tue, 12 Jun 2018 12:36:08 -0300

Oi, Clôde

Muito bem observada (a diluição).

A foto tem uma qualidade: mostra orientais em um contexto em que,
aparentemente, são pares (peers) de ocidentais.

Acabei de reler um livro (Dias na Birmânia, de G. Orwell), sobre um tempo
(expansão do Império Britânico) em que amarelos e negros eram tratados
como outra espécie.

Outro romance bem forte sobre isso é a série The Raj Quartet, de Paul Scott
(4 volumes sobre o domínio inglês na Índia); e também o filme (não sei se existe
o livro, vou procurar) A passage to India. Também gosto muito de Xogum, de James
Clavell, um confronto entre a civilização japonesa milenar e um piloto holandês que
naufraga no Japão em uma expedição inglesa na época de Elizabeth I.

Será que isso já é passado?

Bjs
Ana

P.S.: Ainda a propósito do encontro entre Trump e o ditador da Coreia do Norte (agora
não lembro o nome), o que me bate é: o destino do mundo nas mãos de dois loucos...

De todos os livros mencionados, li apenas Shogum (assim escrito no que tenho), há muitos anos e gostei mutíssimo.

Ultimamente tenho procurado livros de História pois sempre fui fraquíssimo na matéria e começo agora a me interessar. No momento estou lendo "O Sonho de Mendeleiev", que faz um apanhado da História da Química desde a antiguidade (destaque para a Alquimia!)

Quanto ao encontro dos dois dirigentes em Singapura, há mais de um ano o "prevíamos" ou, pelo menos, nos assustava os personagens...

Tue, 12 Jun 2018 15:43:12 -0700 (PDT)

banalisada a fotografia
fora o photoshop ...
antigamente se "confiava" numa imagem fotografica, hj em dia, sempre ha duvidas
serah q foi modificada?

      sem assinatura

É verdade. Atentei apenas a sua essência de imagem única (e imutável), mas também se ampliaram ao infinito as possibilidades de adulteração. Hoje, o real e o desenhado se misturam, difíceis de separar. A fotografia já foi prova irrefutável nos tribunais...