desenho de Lu Guidorzi
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berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Mugidos

12/12/03

"Berro de vaca deve ter utilidade, sim, pra chamar o bezerro ou avisar ao boi que tá no cio ou pedir ajuda diante do perigo...", me alerta gentil leitora. De mais longe, outra de igual gentileza, ecoa: "SE PERDE NAO... Pode confiar. Nem berro de vaca se perde, que dira os seus...", assim, sem os penduricalhos da língua pois os teclados que se usam lá nada tem a ver com o padrão de cá.

E a frase antiga, que ontem ficou por ficar, foi pretexto para esses e outros acenos, esquecidos há quase um mês, por eclipse do clode.kubrusly@gmail.com. Ficou por ficar e a lembrar a ressalva de compromisso esporádico.

Nos agarramos a um rótulo como ao tronco ou graveto de salvação. Mas desconfio de rótulos e, quando a Crônica do Dia me pareceu título pretensioso e mentiroso, virou Ensaio. Foi Ensaio de 20 de agosto de 99 até primeiro de fevereiro de 2000. Aí, a "Crônica ou ensaio do berro", que se publicou junto com "Obrigado dona Vaca", explicava que essa história de berro que se perde remonta à professora primária, ou à fantasia que se faz da mestra.

Lá sublinho a visão do ponto de vista humano e, não, no do animal, que "... cede suas carnes e tripas para aplacar minha fome. Empresta suas tetas à minha sede. Sua pele... nossa! - falo da vaca, não? Sua pele é útil para fazer luvas de pelica, certo fessora? A fome da vaca não ronca em meu bucho. É útil porque até com o bucho dá pra fazer uma dobradinha..."

Para concluir, adiante, de pleno acordo com as gentis leitoras: "A vaca rumina. Capim. Não sei se idéias também. De qualquer forma agradeço a esse animal utilitário, proveitoso do filé à merda, pelo berro. Para mim, foi útil. Entre crônica e ensaio, graças à vaca, me saio com essa - ou melhor: o que sai aqui é um berro, inútil como o da vaca, que só interessa ao bezerro e ao touro, talvez."

Pelo menos agradeço: "Obrigado, dona vaca, agora já posso berrar tranqüilo: meu berro se perde, como o seu."

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