autorretrato 

Nuvens cinza médio

06/01/17

Em número cada vez maior, chegam nuvens de norte para sul até apagar de todo o céu seu azul. Elas vão de um branco luminoso até um cinza médio e... a tonalidade remete de imediato à velha fotografia, pré-histórica, desprovida da inteligência artificial embutida nas câmaras atuais.

O cinza médio era uma referência importante, com uma reflectância bem definida. A então poderosa Kodak deve ter ganho muitos milhões vendendo pedaços de papelão com aquela tonalidade específica e neutralidade cromática "garantidas". Eu mesmo comprei muitos "Cartões Cinza Neutro 18%"...

Posto o número, vinha a pergunta: "se é médio não deveria ser 50%?" e seguia-se a explicação, quase óbvia, com a construção de uma "escala de cinzas", tudo hipotético, a partir de um branco ideal (100%) até um preto absoluto (0%), ambos impossíveis na vida real.

Supondo reduzir a reflectância à metade, em cada passo, o primeiro cinza depois do branco seria 50%, o seguinte, 25%, o próximo 12,5% e assim sucessivamente, ou seja, obteríamos uma escala logarítmica onde o 18% era o meio.

As nuvens se espalharam e se uniformizaram entre cinzentos distantes daqueles extremos. Não atingem mais o branco luminoso e, tampouco, o cinza médio. Ainda passam uns "buracos" azuis.

De repente, um raio risca-se entre as nuvens. Segue-se uma trovoada distante - o temporal se insinua. Anoitece. O desfile de nuvens segue lento e sempre na mesma direção.

Venta mais forte, a confirmar a iminente chuva de verão. Por fim, desaba a tempestade e me espanta, como sempre, pelo volume de água suspenso na atmosfera. Ventos muito fortes jogam a chuva contra as fachadas dos prédios.

Passada meia hora, mais ou menos, a intempérie se amaina, a chuva vira chuvisco e, mais um pouco, já surgem as primeiras estrelas entre ralas e esgarçadas sobras de nuvens.

Fri, 6 Jan 2017 12:23:43 -0200

que lindo, deu pra ver tudo só de ler sua crônica, cheguei a sentir o vento fresco e os pingões de chuva da tempestade e fiquei me perguntando de onde você a assistira e, se lá fora, onde se abrigara.
Tem um cacófato e uma palavra repetida.

      sem assinatura

Obrigado.
Assisti da janela mesmo. O vento a protegia.
Você não mos vai apontar?


Fri, 6 Jan 2017 13:04:10 -0200

Oi Clode querido!
Entre brancos, cinzas e azuis - uma brecha pra dar um oi e desejar um ano com movimentos tranquilos e harmônicos como esses que você descreveu - apesar dos temporais...
beijo!
Aida

Obrigado, Aida,

Que tudo possa melhorar!


Fri, 6 Jan 2017 13:15:36 -0200

Lendo crônicas e aprendendo...
Não se ensinava isso nas aulas de arte do meu colégio...
Bjs
Ana

Claro que não!
Era assunto muito técnico e específico do universo da Fotografia.


Fri, 6 Jan 2017 15:24:12 -0200

Oi Clode,

Um ótimo 2017 prá Vc e os seus. O cartão cinza 18% continua seu reinado no mundo digital, junto com as cartas de cor. Só que agora tudo é plástico e made in China...

https://bhpho.to/2jcdaIl

Grande abraço.

Ebert

Grande Ebert,

Como se vê nada sei sobre a atualidade fotográfica.

Imagino que apenas profissionais utilizem tais recursos, pois testemunho todos os dias multidões fotografando e filmando com pequenas câmaras ou celulares e nunca percebi a utilização do velho cartão cinza, ou branco, ainda que de plástico.

De todo modo, obrigado pela lição. Notei que o da Kodak, no endereço enviado, é muitas vezes mais caro. Será de papelão, em vez de plástico?


Mon, 16 Jan 2017 16:30:24 -0200

Cinza Médio, é?...
Nunca tinha imaginado...
É bom?
Mas você não fuma, né?
Ou me engano?

boa tarde pelaí......

      sem assinatura

Não, não fumo mais, desde 1999.

Sim e aprendi agora que a fotografia digital continua a fazer uso dos tais cartões... só que agora são de plástico.

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