Há duzentos anos, uma jovem recém-saída da adolescência, escreveu a história inaugural de um gênero de Literatura, a Ficção Científica. Outros consideram ter ela inaugurado também os Contos de Terror. Seu livro, O Prometeu Moderno, posteriormente popularizado como Frankenstein poderia igualmente ser classificado como Profecia.

Ontem, Ke Jie, um chinês considerado o melhor jogador do mundo de Go, perdeu neste jogo, pela segunda vez para o "Frankenstein moderno", criado não pelo doutor Victor Frankenstein, mas nos laboratórios de Inteligência Artificial da Google e batizado de AlphaGo. Uma "criatura", como aquela da obra de Mary Shelley - eis o nome da jovem escritora.

Jovem também, Ke Jie tem apenas 19 anos, a mesma idade de Mary Shelley quando escreveu sua história. O vencedor das duas primeiras partidas desse jogo considerado como "o mais complicado jogo de tabuleiro da humanidade", segundo o New York Times, jogou na China, local da invenção do Go. Os contendores jogarão ainda uma terceira partida.

Ora, direis, computadores já venceram o campeão mundial de Xadrez e nem por isto a humanidade se viu ameaçada pelos hipotéticos Frankensteins do século 21. Sim, mas aos poucos e imperceptivelmente os algoritmos¹ se aperfeiçoam e, mais assustador, aprendem a se aperfeiçoar.

"AlphaGo se baseia em novas técnicas, que lhe possibilitam aprender da experiência ao jogar um grande número de partidas", conta o jornal norte-americano. A personagem de Mary Shelley da mesma forma aprendeu ao observar uma família pelas frestas de uma cabana. Segundo seus criadores, o AlphaGo aprendeu mais desta vez jogando contra si mesmo.

É tudo muito novo e avança muito rápido. Tomara não venha o novíssimo Prometeu merecer castigo implacável semelhante ao do Prometeu grego original ao roubar o fogo sagrado aos deuses.

do Houaiss:
1algoritmo Datação: 1871
· substantivo masculino
1 Rubrica: matemática.
sequência finita de regras, raciocínios ou operações que, aplicada a um número finito de dados, permite solucionar classes semelhantes de problemas
2 Rubrica: informática.
conjunto das regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um número finito de etapas

Fri, 26 May 2017 10:41:09 -0300

Muito bem colocado. Um presentinho que Vc vai gostar. Abração

https://www.ted.com/talks/sam_harris_can_we_build_ai_without_losing_control_over_it?language=pt-br

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Sim, não me espantaria se o novíssimo Prometeu também roubasse o fogo dos céus para levá-lo aos seus...

Obrigado.

Fri, 26 May 2017 11:18:24 -0300

Bonito texto, instrutivo e quiçá profético.
Como pôde uma moça de 19 anos, há 200!!!!!, criar e escrever o Frankstein???????
Duas correções em erros de digitação, pra não deixar de ser chata:

     a mesma idade de Mary Shelley quando escrever


     Tomara não venha o novíssimo Prometeu

      sem assinatura

Pois é, o avanço da AI (inteligência artificial) pode levar a humanidade à beira do precipício...
Também me admira muito uma moça daquela idade escrever um livro daqueles.
Obrigado pelo copidesque. Corrigi a terminação do verbo, mas não entendi o segundo erro.

Fri, 26 May 2017 12:01:08 -0300

Obrigado. Talvez isto queira dizer que GO, afinal, é redutível a algoritmos, ou seja, a cálculos. Isto vai soar muito mal aos entusiastas de GO, quase sempre fanáticos.

G.

O mais espantoso é ter o computador aperfeiçoado seu algoritmo por meio de auto-aprendizado...

Fri, 26 May 2017 15:20:36 -0700 (PDT)

tambem tinha lido essa cronica sobre o Frankesntein no NYT, e a outra, sobre o AlphaGo e o chines de 19 anos
boa a sua comparacao

      sem assinatura

O feito foi matéria mundo afora.
Não tínhamos comentado sobre a façanha pelo Skype?
Se fosse um computador não estaria em dúvida... hahahaha.
Apesar do hahahaha o assunto é muito sério

Sun, 28 May 2017 12:05:33 -0300

Socorro! Pobres dos nossos bisnetos (ou netos!)
Bjs
Ana

Pois é... é mesmo assustador, mas confesso perceber algo no fundo de mim a clamar não estarmos vendo toda verdade. Talvez seja apenas o desejo de uma saída, talvez resquícios de uma visão teísta, mas o ser humano não me parece tão fácil de replicar por meio de máquinas e algoritmos...