Outros tempos

28/11/16

Tique-taque, tique-taque tiquetaqueia o implacável medidor de tempo e, assim como se ergue em cone a areia da ampulheta, empilham-se segundos em minutos e estes em horas, dias, anos, séculos, milênios, empoeirados de sonhos malfadados e desejos frustrados e outros dejetos do humano pensar a forjar quimeras e artefatos, traços do espantoso desfile da humanidade.

O tempo desafia a razão. O presente tão difícil de apreender e o passado e o futuro inacessíveis, exceto na ficção... Ah, a ampulheta e o relógio não alcançam o mistério do tempo a se desenrolar dentro de cada um de nós!

A angústia de uma espera, a esperança em um suposto futuro, existente apenas na imaginação, se estendem muito alem dos segundos, minutos, horas dos medidores do fluir desta grandeza tão difícil de alcançar. São em si demonstrações perenes e contundentes das limitação da razão. Esvaiu-se o sonho de ver todos os males, todas as dificuldades, todo e qualquer problema solucionado pela Ciência, pelos inúmeros filhos do fértil saber.

Chapéu na mão, como os três cavaleiros da Terezinha de Jesus, reverencio o doutor Freud e muitos outros que, como ele, vislumbraram e começaram a desvendar esse vasto e complexo universo existente no fundo de cada ser humano (e, possivelmente, com outras dimensões e configurações também em outros animais).

Quase sempre, nos ocupamos tanto com as complicações do dia a dia, com a luta pelo "pão nosso de cada dia", nos intrincados enredos elaborados pela avidez, ganância e magistralmente estimulados pela propaganda, que o universo das emoções a determinar cada passo de nosso comportamento é pouco percebido e dificilmente compreendido.

Tique-taque, tique-taque tiquetaqueia implacável o relógio enquanto nossas vidas escorrem como areia no enigma do tempo "que os anos não trazem mais". Carpe diem!

Tue, 29 Nov 2016 10:04:06 -0200

Oi, Clôde

Neste fim de semana, meio por acaso, assisti na Internet a festa de 80 anos do Charles Aznavour (que agora já tem mais de 90), e depois fui fuçar um pouco a história dele.
Segundo ele diz, suas canções tratam principalmente de amor e do tempo. Destas últimas, me lembrei de Hier encore e La Bohème; e no show da festa descobri mais uma que não conhecia, Sa jeunesse.
As três são saudosistas e/ou lamentosas - o que não volta mais, o tempo perdido ou desperdiçado... bem deprê. Em contraste, Je ne regrette rien (não sei o compositor, é uma das canções de despedida de Edith Piaf), celebra o presente e o que resta a viver: “Je m’en fous du passé... Je repars à zero”. E agora lembrei também de Frank Sinatra (e Elvis), com My way - consoladoras...

Bjs
Ana

Oi, Ana,

Ouvi muitíssimo "Je ne regrette rien" e muita Piaf\a por todos os lados.

Agora, adorei sua observação quanto ao "mood" das canções. Concordo, viva a celebração do presente! Difícil é "ficarmos nele", sem evocar o pasado ou projetar um "futuro"...


Thu, 1 Dec 2016 18:05:01 -0200

E lá vem o tique take implacável do tique-taque tique-taque implacável de todos os minutos.... enquanto nossas vidas escorrem como areia no enigma do tempo... "que os anos não trazem mais". Carpe diem!

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Boa noite!
Sempre se pode inventar...

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