Que nojo!

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Planáltico

25/03/04

A Zona me trouxe correio: "e aí??? quero mais!!" e mais um a declarar: "adoro todas as imagens: tão reais"! Li, reli e tornei a ler cada mensagem. Perambulei peripatético, depois andei em roda como o velho pato quaquilionário - "e aí??? quero mais!!" - mais o quê? - me repetia. Imagens "tão reais" saídas de uma imaginação que definha?... ou referir-se-ia a outra realidade, àquela em relação a qual autores costumam se precaver atrás da declaração batida de mera coincidência? Ajude-me, fada madrinha, com resposta bem cabida e prenhe de simpatia!!

Não há capítulos por vir, não teço novelas. Sugerir a leitura de jornal, ou ligar a tevê, o rádio, que sempre transbordam novas frescas sobre o trepidante lupanar planáltico e as intermináveis intrigas e disputas dali, cheias de maliciosas insinuações de possíveis xingamentos, a compor telas com Genis e Madalenas e mil monstros capazes de horrorizar Bosch, o Hieronymus!

Mas a farsa continua e talvez seja chegada a hora de lavar toda bosta que se jogou em uma e pensar cada ferida que se abriu na outra, senão a pedradas de fato, com pedras mais afiadas e letais de segundas intenções e do preconceitos.

É espantoso ver homens sisudos manifestarem surpresa e indignação, ainda que por pura encenação e fingimento, a repetir a farsa milenar, cada vez que uma Madalena propõe barganha, troca simples, comércio corriqueiro de mercadoria tão cobiçada por todos que simulam pudor. Cada vez que uma Geni aceita, cede e se entrega aos caprichos e indecências de puritanos mascarados de tradição e honradez, acobertados pela noite, pela impunidade, pela cumplicidade e tantos outros véus.

A prostituição da mulher é quase casta face ao que se vê em câmaras, gabinetes e bastidores do poder. De tudo que se tece, à luz do dia, febrilmente, nas firmas monumentais e respeitáveis bancos...

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