crônica do dia

 

Plataforma

29/11/00

 

Ora, dona Sabrina, há outras plataformas além das que se vendem em lojas de calçados. Ouça:

"Tenho estado todo esse tempo de mãos atadas. Nas raras, raríssimas oportunidades em que me foi permitido colocar plenamente em prática os cânones da minha política econômica, macroeconômica, microeconômica e, inclusive, a média, com pão e manteiga, que engana bem os otários, nessas raríssimas ocasiões ficou provado e constatado que é possível fazer deste um país limpo, sem pobres para enfear, sujar e entristecer logradouros municipais ou ferir com a enxada o barro virgem desses vastos latifúndios reclinados qual voluptuosa odalisca em berços e camas e coxins esplêndidos - que digo?! Oh, sim eram esplêndidas de fato as coxinhas, quer dizer, aquelas coxas!..."

Vê cara Sabrina, é ele, nos bastidores, a ensaiar para as eleições do ano dois! Quer ser o Fujimori que funcionou. Baba e deita erudição de sorbone, já que não dá pra deitar com as modelos que esvoaçam por lá...

Se a senhora atentar às entrelinhas, dona Sabrina, de fato Fefegagá há muito busca meios para exterminar, erradicar pensionistas e aposentados e agora, tenta ser mais objetivo e propõe um extermínio rápido, com o corte radical da cesta básica. O raciocínio é simples, irrefutável: sem pobres, seríamos um país rico e Fefegagá só quer o bem do Brasil. Pense nisso e se prepare: o ano dois está logo ali.

Ah, Sabrina querida, por que não desce dessa plataforma?

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