aquarela do autor

(de esporadicidade imprevisível)

Ponderações eleitorais

16/08/18

A ação mais abominável e covarde do político, ou candidato a político, é angariar votos pela sonegação de educação. O discernimento se estabelece em função de inúmeros fatores - determinações genéticas, ambiente pré-natal intrauterino, ambiente da primeira infância, inclusive nutricional e, é óbvio, pela educação formal. Ao político predador e mal intencionado interessa fragilizar a capacidade de discernir, o pleno uso da inteligência para escolher ou incriminar.

Aproximam-se novas eleições. O brasileiro, sem ter o direito de optar por votar, ou não, é obrigado ditatorialmente a escolher, em poucos minutos, um presidente da república, um senador, mais um outro senador, um governador estadual, um deputado federal e ainda outro para seu Estado. A ambiguidade de ser compulsoriamente obrigado ao voto sem poder escolher participar, ou não, da monumental farsa eleitoral contrasta com a inevitável dificuldade da múltipla e diversificada escolha, para preenchimento simultâneo de seis cargos tão díspares.

E assim como a ignorância facilita o erro na escolha coletiva, a simultaneidade das escolhas estimula um voto inconsciente, uma opção de orelha, por ouvir dizer ou até por critérios subjetivos e absurdos, como simpatia, atração sexual, uso de algum fetiche etc..

Pela janela escancarada invade o som ritmado de uma batucada. O carioca tem fama de gostar de samba, de praia, de mulatas, de cachaça, de jogo do bicho e da malandragem. Suas últimas escolhas eleitorais conduziram o Rio de Janeiro a um estado quase terminal com falência múltipla dos órgãos públicos. Levaram a cidade a ter um autoproclamado bispo como prefeito, capaz de reunir seus acólitos em palácio para distribuir benesses pré-eleitorais.

Mas não são apenas os cariocas como eu, em breve, milhões serão forçados a votar, na marra.

Thu, 16 Aug 2018 10:14:33 -0700 (PDT)

bem dito e muito bem apresentado
eh uma loucura votar ser compulsorio, acho eu, e ainda tem os agravantes q vc mencionou
bjs
Maren

Obrigado.
A mim incomoda mutíssimo a compulsoriedade. (O VOLP não registra a palavra, mas o dicionário português Priberam, sim.) Não sou mais obrigado a votar (pela velhice) e não votarei. Caso não fosse obrigatório o voto, eu faria questão de votar.

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