crônica do dia

prêt-à-porter

28/02/07

La vie prêt-à-porter! Poupe suas delicadas mãos! Há de tudo pronto, prêt-à-porter, é só pegar. Poupe as mãos para acariciar a pele macia que, quiçá, reveste macio volante de máquina poderosa. Poupe suas mãos para unhas bem cuidadas, prontas a dedilhar os famosos teclados de geniais celulares, lap-tops vapt-vupt e nervosos controles de remota memória - itens seletos da vida prêt-à-porter! Poupe-se - pegue e pague, se possível, com cartão em módicas em estiradas prestações.

O reclame apregoa uma liquidação de arromba, como se dizia quando havia liquidações de arromba. Liquida-se uma mercadoria só: está no anúncio, na propaganda que o banco faz: 'liquidação de dinheiro'. É isso aí, o descaramento escancara sua cara de pau! O sonho do banqueiro - ah que bela charge daria! - o sonho do banqueiro, dizia, são intermináveis filas de ienepeesse na porta do banco, madrugada afora, à espera do horário em que se abrem as cortinas, numa monumental corrida a empréstimos... Conhecem a velha lei da oferta e da procura anda de mãos dadas com a da gravidade e nenhum parlamento jamais as conseguiu derrubar...

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La vie en rose  prêt-à-porter

Poupe-se! Poupe a cabeça. A sua e a dos outros. Pensar? Para que pensar? Use prêt-à-porter! Nada de malabarismos e elucubrações! Não se arrisque a fundir preciosos e irrecuperáveis neurônios. Cuidado, olhe bem no que anda pensando. 'La vie prêt-à-porter' fornece pensamentos prontos, leves e fáceis de digerir. Sem efeitos colaterais. Não provocam vômito ou mal-estar e são testados em modernos laboratórios antes de receberam o selo de aprovação ISO 9669. Em caso de dengo, procure uma pessoa apropriada e peça um cafunezinho. Se os maus pensamentos persistirem, procure o confessionário. Alguns pensamentos não devem ser usados em situações de risco ou ao dirigir. Use sempre pensamentos prêt-à-porter!

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