Quando o assunto é reforma ortográfica - vivi várias e vi minha avó escrever conforme aprendera, ignorando as modificações posteriores - sou extremista e só apoiaria uma abordagem essencialmente matemática, visando estabelecer a correspondência biunívoca do conjunto das letras (alfabeto) com o conjunto dos sons representados.

Assim, seria decidido qual a notação preferida para o ss, por exemplo, se o c (cinto), o s (sino) ou x (máximo) e em todas as situações ela seria obrigatória. Supondo que o c fosse o escolhido, passaríamos a escrever celva, capo (sapo), maca (massa) e, em consequência, a maca de transportar enfermos seria escrita com k: maka e, para se referir à fruta, seria preciso acrescentar de um n: macan. (Sons anasalados trariam os maiores problemas!) O mesmo princípio se aplicaria a cada fonema e a cada letra, de tal forma que um dado som só se pudesse indicar por determinada letra e a cada letra correspondesse um único som.

No início haveria confusão, claro, pelo inevitável confronto entre a nova ortografia e aquela anteriormente aprendida, como no caso da maka de enfermos e da maca de pão. Todavia, as novas gerações estariam isentas desta confusão, por já serem alfabetizadas com uma ortografia sem ambiguidades.

Caso me fosse permitida uma segunda sugestão reformista, esta, sem dúvida, seria a abolição de todos os sinais diacríticos - sinal gráfico que se acrescenta a uma letra para lhe conferir novo valor fonético (em português, são os acentos gráficos, a cedilha, o trema e o til).

Este desejo só veio depois de alguma intimidade com o computador, de aprender suas convenções para escrita e de constatar ser perfeitamente possível entender um texto do qual todos os acentos, cedilhas e tis tenham sido removidos. Evidentemente, você não tem mais dúvidas a este respeito, certo?

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