Que nojo!

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Sem-o-quê?

04/08/03

Nesta manhã, dois e-mails, atribuídos a duas mulheres, trouxeram o melhor comentário sobre a auriverde política para quem não gosta de toda a maledicência que a impregna.

A julgar pelo conteúdo, tratava-se de uma mulher pobre e outra em melhor situação, ou talvez até rica. Por uma dessas coincidências, que Jung gostava de chamar de significativa, ouvi uma mensagem depois da outra, em diferentes emissoras, ao girar do botão.

A primeira, cheia de ironia e em tom quase jocoso, veio de alguém que se dizia uma sem-Audi - o locutor explicou se tratar de carro importado, caríssimo - uma sem-Audi, dizia eu, prestes a invadir revendedora da marca para fazer assentamento. Finalmente, iria se assentar no carro de seus sonhos! O locutor observou que ao se assentar iria, inevitavelmente, nele também se sentar. Depois, bastaria reivindicar do governo termo de posse e coisa e tal.

A segunda mulher teve a mesma idéia, ou quase. Em mensagem com linguagem muito mais direta e menos sofisticada, reclamava de ter que esperar ônibus, para ir pro trabalho toda manhã, espera de uma hora, mais ou menos e, quando finalmente chegava, o ônibus vinha botando gente por janelas e portas, lotado de não se poder entrar, o que, às vezes, de fato acontecia. Exposto o problema, ela se declarou uma sem-ônibus. Falou que iria criar o Movimento dos Sem-Ônibus...

Com uma bonita bandeira e um boné se faria ouvir e respeitar, já que como mulher, a trabalhar desde muito cedo e perder um quinto do sua vida a ir e vir do local afastado onde morava ao lugar grã-fino onde conseguia trabalho, como tal batalhadora, nunca conseguira.

Precisei me afastar do rádio. Não ouvi o final da última mensagem O último parágrafo, em verdade, não é da autora.

Assim, sem combinar nem imaginar, as duas senhoras me deram uma excelente aula de economia e política. Obrigado.

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