desenho do autor

de esporadicidade imprevisível

Seres humanos

27/10/17

Aqui vamos nós, presos a assuntos eleitos pela mídia, pautada pela mídia, ela também e financiada por anunciantes ricos, tudo muito efetivo no controle e direcionamento das mentes do povo ou consumidor ou eleitor ou cidadão. Absorvemos os temas de ocasião e os discutimos, opinamos, defendemos ou atacamos convencidos de nosso livre pensar - e o Millôr acrescentava: "é só pensar!" e, talvez, aí resida a dificuldade - mas, em verdade, "sendo pensados" pelo intricado mecanismo de realçar fatos, criar histórias, valorizar aspectos e distorcer o que é com intenções inconfessáveis.

O noticiário oprime e os meios de comunicação, cada dia mais eficientes e mais ubíquos, multiplicam exponencialmente a notícia, inclusive aquelas fictícias, inventadas por algum cérebro por pura maldade ou diversão. Nos perdemos no turbilhão de insignificâncias, modelos fornecidos pelos meios de divulgação, novelas da televisão, filmes aptos a levar a lágrimas, pelo anúncio caprichado sábio ao cutucar os centros do desejo... inútil continuar, cada qual conhece bem o próprio cotidiano, a magnanimidade e a mesquinhez entrelaçadas em suas vidas. Assim vamos nós, aqui "embaixo".

Quatrocentos quilômetros acima, sobre nossas cabeças, desliza a Estação Espacial Internacional, a circundar o rotundo planeta azul. Quase nunca lembramos dela, a viajar a mais de 27 mil quilômetros por hora, suficientes para dar uma volta completa na Terra a cada hora e meia, tendo, como pano de fundo para um espetáculo, capaz de repetir o nascer e o pôr do sol 16 vezes por dia, todas as estrelas da imensidão - o universo.

Se você quiser saber onde ela sobrevoa, a qualquer momento, pode obter a resposta aqui. Se quiser uma demonstração bem-humorada da vida sem gravidade, pode assistir aqui.

O ser humano é fascinante, positiva ou negativamente!

Sat, 28 Oct 2017 09:06:32 -0200

Oi, Clôde

Essa me lembrou aquela história dos donos de uma escola em São Paulo na qual houve uma suspeita
de pedofilia. A mídia caíu em cima, os coitados perderam a escola, tiveram que se mudar, e no fim
era uma suspeita infundada.

O livro de Jodi Picoult “ Perfect Match” é uma história parecida: um garotinho sofre abuso e,
traumatizado, emudece; a mãe, evidentemente, fica desesperada e, como diz a contracapa do livro,
toma a lei em suas mãos: quando a palavra que a criança fala quando ela pergunta quem a macucou, o
ele diz Father - de onde ela conclui o marido, e marginaliza ele totalmente; aí, visitando a sala da paróquia onde
o garoto frequentava a escola dominical, encontra uma cueca do filho e se dá conta de que Father devia ser o padre,
e não o pai; denuncia o padre que é preso, vai a julgamento, até que se descobre (já não lembro mais como)
que tinha sido OUTRO padre, que tinha estado de visita à pequena cidade... que a essa altura, claro,
tem conhecimento de toda a história ( no caso, nem precisou de mídia...)

Vá consertar o estrago!!!
E imagina se fosse hoje, com redes sociais a todo vapor... aliás, uma forma de intriga e difamação
que está sendo muito explorada nas novelas recentes da Globo.

Bjs
Ana

Oi, Ana,

Começando pelo final, não consigo imaginar o poder dos Marinho com seu conglomerado Globo. O jornal, agora, tem uma coluna dedicada a esclarecer o que é noticiado pelas redes sociais, dedicado, em especial, a desmascarar falsas notícias.

Lembro bem da história da escola de São Paulo vítima de falsa acusação. Já sobre a divertida história do Father, nunca ouvira falar. De todo modo, tudo isto mais uma vez sublinha o quanto somos Homo verbalis. Mais uma vez sugere o papel importante da fofoca em nossa evolução.

Obrigado.

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