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13 graus07/05/03O entardecer de ontem varreu as últimas nuvens ao mesmo tempo em que as tingia de intensos alaranjados e rosados. A noite veio límpida, com estrelas e planetas fulgurantes. De quebra, um evocativo crescente de bandeira árabe. Por muito tempo as tonalidades do poente se espelharam em pinceladas de nuvens. Mulheres e homens do tempo anunciavam frio para esta manhã... A queda mais nítida foi por volta das cinco. O dia veio frio, cerca 13 graus em São Paulo, menos, do lado de cá do fim do mundo. Os oráculos do tempo registraram o fato e assinalaram que outros maios tiveram dias muito mais frios, um deles com sete graus, disseram, mas garantem que o mês ainda terá dias quentes. Isso seria normal, próprio da estação, de acordo com os ensinamentos da professorinha, que deixou tanta saudade de Miraí em Ataulfo Alves e de todas as outras professorinhas, que nos ensinaram que outono é época de folhas douradas e amareladas caírem para deixar, depois, árvores nuas no inverno, com longos, negros e tortuosos braços estendidos contra fundo branco... Não, não, não! Isso é lá. Aqui as árvores são mais pudendas e botam folhas o ano todo, como botam flores além da primavera, agora, no verão, e até no inverno. Tinha me prometido não falar de frio este ano. A maior parte de meus amigos diz gostar desse tempo. Alguns, inclusive, dizem que gostam muito e detestam calor. Não há por que duvidar - de gustibus et coloribus non est disputandum, se repete desde a Idade Média - por mais absurdo que a preferência me possa parecer. Dito de forma mais objetiva: é uma questão de gosto... e nunca poderei esquecer o que a sábia dona Sophia retrucou diante deste argumento tão definitivo: ou de mau gosto... Prometi, é verdade, mas como cumprir a promessa quando nos vemos, de repente, dentro da geladeira? Pior: eles garantem que amanhã será ainda pior! |
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