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Dr. Matrix16/09/03
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nota: Pareceu-me deliciosa a pequena ficção que Martin Gardner criou para trazer com fina ironia, aos divertimentos matemáticos (Mathematical Games) de sua coluna no Sientific American, de junho de 74, os mistérios do ocultismo. Tal refinamento se perderia se contado, daí a tradução. Como de hábito, ele propõe um desafio numérico aos leitores e dá a resposta na coluna seguinte. Infelizmente, o exemplar de julho é um dos poucos que faltam nos mais de dez anos da coleção. Assim, não há resposta do autor mas, antes, é preciso ver se teremos paciência para acompanhar a história até seu desenlace... |
por Martin Gardner, trad. clode.kubrusly@gmail.com Um anúncio chamou minha atenção, quando folheava uma dessas revistas baratas de ocultismo, numa banca de jornal: a foto de uma réplica em plástico transparente, com uns dois metros de altura, da Grande Pirâmide de Queóps. Sentada lá dentro, apenas de sandálias, se via uma jovem linda, com cabelos negros e olhos orientais a me fitar e ela se parecia muito com Iva, a filha meio-japonesa de meu velho amigo Dr. Irving Joshua Matrix. Já tinha visto anúncios de réplicas pequenas da pirâmide de Queóps, mas nunca de réplicas onde fosse possível entrar e sentar. No anúncio, cada aresta da estrutura estava misteriosamente numerada de 1 a 10. Não havia explicação para a numeração e, também, não encontrei o preço da pirâmide mas, por 5 dólares, se podia comprar um modelo com 15cm de altura. Com ela, veio um folheto com explicações sobre como a "energia psi-org" da pirâmide poderia afiar lâminas de barbear, conservar botões de rosa e restaurar fitas de máquinas de escrever usadas. Para obter mais informações, dizia o anúncio, ou um modelo maior com a garantia incondicional de curar minhas doenças do corpo, desenvolver minha inteligência, fortalecer meus poderes psíquicos e aumentar minha potência sexual, o endereço era Laboratórios Poder da Pirâmide, Caixa Postal, 123, Pirâmide, Nevada. Existiria uma cidade chamada Pirâmide, no estado de Nevada? Conferi no atlas. Sim, existia. A oeste do lago Pirâmide, a uns 60 quilômetros ao norte de Reno. Não foi difícil conseguir o telefone do laboratório com a telefonista, em Reno. Daí a poucos minutos falava com a própria Iva. "Venha nos visitar", ela disse. "Gosta de pescar?" Sim, disse. "Então traga vara e carretilha. Se a truta tiver menos de 50cm, é preciso devolvê-la ao lago. O tempo aqui é maravilhoso em Maio. Dias quentes, noites frias. Até mais." |
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