O almanaque diz que, hoje, a terra está a 152.091.786 km do sol, a maior distância neste ano. Iremos para mais perto, para dias mais longos, mas tudo isso ainda não significa dias mais quentes. Ao contrário, a acreditar nas previsões, a próxima semana trará o primeiro grande frio deste inverno.
Se torço para que, como de outras vezes, não se confirme o que se previu, também lembro de vários amigos que me garantem gostar do tempo frio e, incrédulo, repito: por que não acreditar?
Os jornais de hoje dão notícia da expulsão de uma adolescente de uma escola particular da zona sul carioca. A moça, de 16 anos, foi surpreendida no banheiro do estabelecimento no momento em que usava uma droga ilegal. A mãe, psicóloga, se revoltou com a atitude da escola e berrou como qualquer mãe em defesa de filhotes e o berro ganhou manchetes.
Logo, opinantes de toda sorte expunham seus palpites sobre o assunto palpitante no rádio, sem esquecer de comparar o episódio com outro, que também culminou com a expulsão de quatro adolescentes, os únicos a atender o pedido da direção e confessar o uso de maconha num acampamento, onde muitos fumaram da erva...
A mãe psicóloga não questionou o que sua filha procurava ao usar uma droga. Uma alucinação, se entorpecer, o quê? Os comentaristas falaram de inúmeros aspectos sem tocar neste: por que uma pessoa busca sensações, coragem, fugir, delirar, sonhar, o que for, através de substâncias químicas. Ninguém falou sobre uma sociedade que se acostumou a encontrar tudo de que precisa nas prateleiras das lojas que chama, com ironia, de conveniência. Ninguém questionou se é possível encontrar felicidade na gôndola do supermercado ou nos bolsos e bolsas do vulto da esquina escura. Ninguém falou de uma busca que é de todos nós.
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|
2452461.399