Era ruiva e quase bonita. Quando percebeu que eu a examinava, veio em minha direção para reclamar da falta de um cumprimento e, também, da falta de atenção a seu trabalho, em exposição ali. Sem palavras, compreendi se tratar de uma vernissage, uma coletiva com certeza. Havia muita, muita gente e pessoas que eu sabia conhecer mas era incapaz de lembrar nome, de onde as conhecia e tudo mais. Com o incidente da ruiva de sardas, acordei. Do sonho para o limbo entre o mundo da matéria e esse outro feito de intensa atividade mental, de mil imagens e símbolos e significados, que tomam forma e conta de nós... sabe-se lá para quê! Uma amiga, vez por outra, me liga do fundo desse limbo, a voz ainda pastosa, para contar algum sonho impressionante, para a ela, é claro. Deve-se ouvir sonhos com carinho - como tudo, aliás - sem se pretender interpretá-los ou "ajudar" ao sonhador com decifrações, lições ou outras mensagens que o sonho possa conter. Importa ao sonhador, contar. Como em algumas tribos onde os índios, pela manhã, se reúnem para contar os sonhos. Eu, se penso em contar sonhos, logo lembro daqueles que não seria capaz de relatar. Percebo que, por serem os símbolos tão universais, o significado ficaria óbvio demais. Parece-me igualmente óbvio porque esse caminho levou ao conceito de inconsciente coletivo... Mas o fato é que embora esse tema dos sonhos sempre tenha me fascinado muito - a palavra está no título de sete crônicas e aparece cerca de 200 vezes no sítio - aqui, estou, de fato, rodeando e rodeando, para fugir do tema que, escolhi para abordar... eu mesmo escolhi, não, nenhuma professora o propôs. Há dias a idéia passa como peixe no aquário. Já cheguei a esboçar começos, que pus de lado por me parecerem fazer de mim um bobo sem corte... Ufa, ainda bem que o espaço acabou! |
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