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A luta pela existência
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"aspas" "Devemos transformar o inglês no latim do mundo inteiro." Fernando Pessoa (1888-1935), em "A língua Portuguesa", org. Luísa Medeiros, SP, Companhia das Letras, 1999 |
[continuação - 4] Vida de bicho é sempre cheia de emoção. Afinal de contas tudo que é vivo precisa comer alguma coisa, viva também. Só plantas sabem viver de terra água e luz, embora algumas peguem pequenos insetos e até bichinhos maiores... mas isso já é outra história. O gavião quase conseguiu seu almoço - Pio, o passarinho -, na hora em que ele pegou uma minhoca pelo rabo. O que salvou Pio foi a coincidência de Nhaau, o gato, ter a a mesma idéia, na mesma hora, pois gatos também têm fome e também gostam de passarinhos. O resto você já sabe, O gavião precisou fazer uma manobra de emergência e Nhaau deu uma freada que, se fosse carro, ia cantar pneu... Subiu poeira do chão do terreiro.
Em uma cena muito rápida a gente vê e, mesmo assim, não sabe direito o que aconteceu. Há pouco tempo, não existia câmara lenta e, muito menos, replay. Em jogo de futebol, por exemplo, tudo dependia do olho do banderinha, olho que dependia das pernas para estar lá e pra cá no memento exato etc. Depois, o juiz levava a fama... Se fosse possível ver a nossa cena como um lance de futebol na tevê, logo saberíamos de uma formidável trombada. O gavião, que vinha em seu vôo de mergulho e Nhaau, disparado em sua corrida de caça, se chocaram, como dois jogadores ao pular para tentar cabecear. Na comparação, Pio seria a bola. O felino e a ave bateram de cabeça e a pancada derrubou os dois. Por um momento eles viram estrelas - a gente vê mesmo! Depois, para evitar mais confusão, fugiram, cada um para seu lado, assustados e com um galo na cabeça. De longe, num galho mais alto do que aquele do pé de carambola, Pio via tudo. Se passarinho pensasse teria aprendido que assim como ele gostava tanto de borboletas e minhocas, existia muito bicho que gostava de almoçar passarinho... as ilustrações dos cinco capítulos desta história se devem à gentileza e arte de de Luciana Guidorzi |
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