A máquina do tempo
05/12/18
Maldita a hora em que aceitei trocar de sistema operacional! Foi por volta das 19 horas do domingo, 2 de dezembro e, dali em diante, o velho computador se transmudou na proverbial máquina do tempo! Agora, tudo acontece em câmara lenta, como se fotografado a 120 quadros por segundo ou mais. No primeiro momento, vociferei. Clamei contra os californianos e, em particular, maldisse os filhos do vale do silício - sabia bem de minha incompetência para reverter ao velho sistema, evaporado durante a malfadada atualização mas, pouco a pouco, um novo encanto despontava da vagareza do novo processamento computacional... Senti-me um pouco como o dr. Papanatas com seus botões surpreso ao ver o Brucutu se materializar ao lado, sobre a plataforma polida de sua máquina do tempo sob canos e isoladores, fios e válvulas entre faíscas. Ótimo, brinquemos de Júlio Verne: pedimos algo ao computador - ou seria mais apropriado dizer ordenamos algo? Os franceses os chamam de ordinateurs - e nos entretemos com a prolongada espera como, outrora, se aguardava uma carta ou telegrama.
Vamos exemplificar: antes, a transferência de uma crônica para o servidor da internet demorava um segundo; agora são quatro ou cinco. Entre o clique e o aparecimento da janela de um software qualquer escoam-se de dez a trinta segundos. Entre solicitar uma página de um jornal local e seu surgimento na tela passam-se de oito a dezoito segundos e assim por diante. Sem perspectiva de reverter o desastre, me preparo para assumir os controles de minha máquina do tempo pessoal e deleitar-me com outras viagens, porque sempre as há, torcendo, discreta e sorrateiramente, para um bug extemporâneo e imprevisível provocar o surgimento do inesperado, daquilo que ainda haverá de ser ou do indizível. De uma máquina do tempo, nunca se sabe. |
Fri, 14 Dec 2018 10:42:04 -0800 (PST) sem assinatura Interessante esta nova linguagem de pequenos ícones... |
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