A senhora condessa
09/06/16
A personagem de desenho animado pousou meio cambaleante no amplo gramado, tirou o boné com a pequena hélice no cocoruto ainda a girar, sacudiu a poeira e caminhou desajeitado em direção à mulher boquiaberta, maravilhada com os prodígios ali postos ao alcance de seu olhar. Ela, indubitável homo sapiens apesar do gênero, exultava ao ver em seu jardim o famoso herói, quando ouviu: boa tarde, condessa, vim para falar com meus amigos, filhos seus, estariam lá, quer dizer, cá? A mulher se esquecera totalmente do título de nobreza a lhe tocar caso não houvessem enviado ao exílio o Imperador para implante de uma republiqueta de bananas, açaís, acerolas, carambolas e, principalmente, jabuticabas. Enquanto contemplava a figura caricata, a esposa do conde se perguntava onde, diabos, teria a personagem enfiado o boné encimado pela hélice nanica, uma vez que chegara sem mala, pasta, bolsa ou bolso e já lhe batia no rosto a luz dourada de um sol a descambar para o ocaso. Percebendo o estado contemplativo da mãe de seus amigos, absorta nas volutas do próprio espanto, a insigne personagem estalou com força os dedos e a trouxe de volta ao mundo real... Real? Como separar do devaneio a realidade? Onde termina o que é e começam as projeções do cérebro, se é ele, cérebro, o encarregado de "perceber e apreender" a realidade, aquilo passível de se ver, escutar, tocar, degustar ou farejar? Ao se aproximar, o conde notou o estado de aparente beatitude da esposa. Parecia transportada a outro mundo, a uma eventual realidade virtual ou tocada pela varinha mágica de alguma fada Sininho ou impregnada nos vapores de um caldeirão de feiticeira. O conde a beijou com carinho e lhe sussurrou doces palavras ao pé do ouvido, enquanto ela lançava furtivos olhares ao redor, como se buscasse algo e seguiram de mãos dadas. |
Thu, 9 Jun 2016 15:26:56 -0300 Thu, 9 Jun 2016 15:26:56 -0300 sem assinatura Cumpre ter leitor sagaz para a perceber... Thu, 9 Jun 2016 14:50:17 -0700 (PDT) mas essa foto eh charmosa demais? sem assinatura De um vizinho lá da Granja, chamado José Lauro, apaixonado por cachorros. É na cozinha dele e os óculos também lhe pertecem. Por brincadeira experimentei os óculos e ele prontamente empunhou o telefone para fotografar... ah, e pensar que telefone já foi máquina de telefonar... Thu, 9 Jun 2016 14:53:07 -0700 (PDT) Clode, q coisa mais linda! sem assinatura Falas do texto? Ou o assunto continua na fotografia? |
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