A senhora desconhecida
02/09/16
Deparo-me com outro fragmento sem datação, na verdade sem pé nem cabeça, resgatado da barafunda colossal das entranhas deste computador (não tenho câmera e o meu telefone é estúpido com ele só e, sem fotos nem filmes, me sobra espaço para guardar quantos textos quiser e eles existem em profusão). Hoje apareceu esse trecho inacabado sobre uma figura feminina, uma escultura talvez, em cenário apenas insinuado e sob iluminação quase surreal. Poderia ser o início da anotação de um sonho (outrora os costumava registrar), mas não me parece ser o caso. Por um momento parecia a descrição de um quadro, emoldurado como menciona o escrito, mas não! Onde se encontraria um jardim de plástico, com peças de brincadeiras da infância? Tudo parece envolto em mistério ao não se divisar a face da ignota senhora, seu rosto a refletir sua natureza íntima e torná-la humana, uma igual. Não privarei por mais tempo o leitor do texto resgatado como fragmento arqueológico, pretexto para este outro aqui: "Senhora desconhecida, há anos a contemplo sempre lá, com um olhar que intuo e não posso confirmar, pois pouco vejo além do gesto, melhor, da pose, inanimada, que tudo insinua e a mantém lá, refém, presa, emoldurada, nesse mundo clean, de prancheta, na perspectiva impecável da câmera enquadrada com requinte uma cidade que reluz, desabitada, sob o azul de um sol frio - por que esta sensação, frio? - em baço brilhar, exceto no reflexo escuro, que se multiplica no interior, a sua direita, senhora desconhecida, mas você olha - olharia, ou estariam seus olhos fechados? - para a esquerda, para o jardim que me parece de plástico, peças de um jogo infantil... mas são pessoas que atravessam este jardim quando se repara bem, várias pessoas... Senhora, há quanto tempo a contemplo? A senhora aí, em seu templo?" |
Fri, 2 Sep 2016 16:45:37 -0300 ... acredito que esta história é apenas do seu dono... ou dona. sem assinatura Não sei. Sun, 4 Sep 2016 19:54:12 -0300 bonito vagoperdido no computador sem assinatura Obrigado. |
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