"aspas"
"De gustibus et coloribus non disputandum" - (Gostos e cores não se discute)
Provérbio dos escolásticos da idade média, hoje, de uso universal.
As imagens de ontem podem se obtidas em Earth Viewer, de Paul Carlisle ou em The Living Earth. O primeiro tem ótimas animações feitas com imagens obtidas no segundo.
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Encontro um texto, digo, um trecho. Há algo que me intriga. A ele, pois. Depois, se for o caso, notas.
Nada principiaria com mais propriedade um rosário sem fim de lugares comuns, que relembrar o irritante e inevitável passo inicial de toda caminhada, qualquer que venha a ser seu tamanho futuro - dois passos, do fogão à pia ou aqueles incomensuráveis e metafóricos de uma fugidia humanidade, passos coletivos com a veleidade de rastos de astronautas.
Cogitava da possibilidade de preencher espaço e tempo com ares e pompas de muito dizer, com o nariz petulante dos que arrastam o saber em dobras e barras de togas ou becas e a insolência dos que detêm o poder. Falar com esses ares e falsas pompas sem, entretanto, nada dizer. Assim, como ocupar um parágrafo para não dizer que toda caminhada etc.
Seja pois assinalado o pé que, no gesto incompleto, deixa o ser pela metade, saci de si que se reproduz a cada passo, no automatismo do levantar e de novo apoiar a inteira metade da estrutura bípede, fincá-la na solidez do chão, bendizendo não ser líquida a terra e, sim, dura a carne desta mãe, diferente da outra, que se disfarça em ondas e desfaz em espumas!
Ah, o redemoinho de ventos impede todo norte! E na falta do pé anônimo, do incompleto gesto, do botão de um passo, passa a imagem mais que daguerreótipo, pois de Daguerre, lui-même - do boulevard vazio cheio de fantasmas, inclusive os do engraxate e o resto de seu freguês! O resto, além do pé, imobilizado no apoio ....
Acabava aí, interrompido em meio a uma frase. Telefone? Talvez. Ia falar da foto famosa, a primeira em que aparece uma pessoa, por mero acaso: o pé ficara imóvel, preso à caixa do engraxate. Na época, tudo que se movia simplesmente desaparecia nos longos minutos de exposição...
Pouco importa. Continuo sem saber porque gosto ou, pelo menos, o que me intriga neste texto, digo, trecho.
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