Anacrônico
22/02/16
Li, há mais de uma década, uma matéria sobre a mansão à beira-mar do dono da Microsoft, William Gates. Nela, ele afirmava, ao falar de computadores: "eles devem ficar eternamente ligados". Os de sua casa comandavam luzes, sons e muita coisa mais. Na época, a sugestão me pareceu absurda, estapafúrdia. Hoje, ela me volta à lembrança por um motivo singular (também vestígio inequívoco da decrepitude natural pelo acúmulo de anos). Acontece-me com frequência: de repente, determinada palavra me intriga, por um ou outro motivo, e vem o impulso natural de buscar esclarecimento em dicionários ou outras fontes de consulta mas, quase sempre, a preguiça se impõe e adio a tarefa, confiando ter em lugar seguro da memória a palavra em questão. Adio pois a pesquisa, alheio à experiência recorrente de, uma vez diante do computador, ver infrutífero todo esforço em busca da palavra perdida, até se confirmar perdida para sempre a palavra da consulta postergada. Por isto lembrei-me da recomendação do Bill. No meu caso, seria preciso acrescentar ao "eternamente ligado" - só tenho um, a matéria mencionava dúzias deles na mansão - permanentemente ligado, dizia, e com um ou mais dicionários abertos, prontos para consulta e livres de eventuais interferências de softwares e sistemas operacionais (software também). Talvez seja pedir demais... Ora, diríeis, trata-se apenas de um esquecimento banal, passível de acometer tanto velhos como jovens. E eu responderia: ambos ignoramos a altura a que se eleva já a pilha das palavras assim perdidas nesses últimos anos... O fato é que quase todos os dias se perde assim algum palavra. Às vezes, por estar na rua ou longe do computador... mas, ao dizer isso, lembro serem os smatphones pequenos computadores e logo se escancara, explícito, o anacronismo de meu ponto de vista! |
Mon, 22 Feb 2016 19:20:27 -0300 escamoso, mug, calça calhambeque, calça rancheira, pula brejo, boco moco, sopa de cebola no ceasa sem assinatura Perfeito! Wed, 24 Feb 2016 17:17:36 -0300 Ai ai ai... sem assinatura Já falei que a Aixa morreu? Noventa e nove anos. Acabo de voltar do enterro... |
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