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Anunciações20/9/2004Uma cigarra solitária cantou bem perto hoje cedo. Talvez houvesse outro canto de cigarra ou resposta àquele, mas seria tão longe que era impossível qualquer certeza. Apenas um lampejo da primavera oficial, compromisso previsto para as quatro e meia da tarde, horário zulu, hora universal ou de Greenwich, a que rege o Big Ben e a rainha da Inglaterra, na quarta-feira. Aqui, três horas mais cedo, a coisa se celebra à uma e meia ou um minuto depois, depende do astrônomo. São difíceis e fascinantes essas coisas de astronomia. Aquela hora do dia 22 se assinala o equinócio de outubro, início da primavera ao sul e do outono ao norte do equador. Equinócio se refere ao momento em que, de pólo a pólo, a noite e o dia tem a mesma duração. Todavia, hoje, o sol nasceu do lado de cá do fim do mundo às 5:59 e só vai se pôr às 18:03 - quer dizer: o dia já é oito minutos mais longo do que a noite. Até depois de amanhã mais seis minutos serão acrescentados à diferença quando, teoricamente, dia e noite se igualariam... Sou muito burrinho nessas coisas. Dia e noite de doze horas, aqui, segundo o centro de astronomia da marinha norte-americana, foi sexta-feira, dia 17. Na quinta, o sol entrou na constelação de Virgem, no céu real, que nada tem a ver com esse céu imaginário - ou virtual - dos horóscopos. O prenúncio da primavera trouxe um pouco de umidade (imagino-me no tempo das águas, a reclamar que tudo se empapa e o ar parece liquefeito!...), mas esse pouco se transformou em folhas e viço e flores e cores e insetos. O vento sopra ora de um lado, ora de outro. Depois, pára. O sol torra a pele, depois some. Sob a grande árvore duas metades de casca de ovo, menores que um dedal desafiam, como sempre, a compreensão em anunciações de promessas de vida e na luta permanente para continuar e continuar nos descendentes... |
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