A conquista das pernas femininas foi o grande feito de heróis e heroínas do mundo da moda há 45 anos, mais ou menos. Foi uma conquista centímetro por centímetro, não exagero, centímetro por centímetro e com destaque de primeira página nos jornais. Mas pouco importava o que diziam jornais e revistas ou nomes famosos de costureiros e modelos para o adolescente e testemunha deslumbrada dos primeiros joelhos, da insinuação de coxas e tudo mais que sobre elas pudesse existir.
Quase meio século! A escalada foi rápida e logo, não só adolescentes, mas todo o planeta via, de olhos arregalados e boca escancarada, uma invenção simples e óbvia, a assinalar o limite na escalada das saias pernas acima. Saias que de fartas, rodadas e a roçar o chão, agora culminavam na minissaia!
Não havia computadores pessoais. Fazer ligação interurbana era uma aventura com auxílio de telefonista e espera de horas - duas, três ou mais horas. Em compensação haveria lindas pernas, que viviam escondidas ou só eram mostradas na praia e lá, é claro, era outra coisa. Na praia não tinha graça nem mistério, como explicava Dom Basílio. Para que computadores e interurbanos diante da minissaia... Minissaia que teimava em conquistar, ou melhor, perder ainda alguns centímetros, talvez por herança das saias avós.
Passou-se quase meio século e embora a minissaia ainda possa causar balbúrdias, ninguém mais questiona o que cada um veste. Isto é, quase ninguém. Dia desses, o prefeito de Aparecida, cidade da padroeira católica do país, mandou um projeto de lei à câmara para proibir, lá, o uso de minissaia e bermuda durante a quaresma... Se aprovado, quem for surpreendido com as vestes pecaminosas será multado em 50 reais. Cem reais, se for na Semana Santa. Isto é, em Aparecida nem tudo deve aparecer...
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