Arquivista
07/12/15
Lembranças vindas à tona por obra do acaso volta e meia me aguçam o instinto de arquivista, de colecionador. Cogito: talvez ninguém mais saiba disso e vem o impulso de registrar (tal ímpeto sempre me evoca infindáveis gaveteiros cheios de insetos mortos, organizados, etiquetados e enfileirados sobre chumaços de algodão, ao longo de estreitos corredores em algum museu de entomologia). Logo depois, vejo a lembrança de outro ponto de vista e a nova perspectiva escancara a banalidade, a insignificância, para não dizer a vulgaridade, do que ainda há pouco parecia digno de "registro para a posteridade". A nova visão traz, de quebra, a percepção do quanto somos ególatras, o quanto desaparecemos como entes humanos eclipsados pelo indivíduo e suas idiossincrasias. Certamente algum leitor ver-se-á com a curiosidade aguçada a se perguntar qual seria, desta vez, a lembrança cutucada pelo acaso a desencadear todo este blá-blá-blá. Saciemos, pois, o hipotético leitor: foi uma matéria da Folha de São Paulo, do dia 27: "'Limite' lidera os cem melhores filmes brasileiros". O filme de Mário Peixoto marcou-me a adolescência, apesar de nunca o ter assistido. Foi assim: sonhava em fazer cinema com todas as fantasias típicas da idade e, não sei mais como, consegui uma recomendação do senhor Saulo e, dela, um emprego em pequeno laboratório cinematográfico, a poucas quadras de casa (apenas coincidência). Na Movedol, produtora de comerciais para a incipiente TV, o Saulo lutava para recuperar o Limite, já então famoso. Processava ali, cópias, contratipos, e correções nos originais muito danificados pelo tempo e abandono. Como laboratorista, processei muitos trechos do Limite, em 16mm, mas saí antes da conclusão dos trabalhos "para estudar química", por determinação paterna, pois corria o risco de reprovação... Em caso de dificuldade para abrir o link da Folha de São Paulo, desative o JavaScript e tente novamente. |
Mon, 7 Dec 2015 11:19:23 -0200 somos muito efêmeros. sem assinatura Curioso você ter assistido a este filme... apesar de o ter me mãos muitas vezes, sempre pequenos trechos, nunca o assisti embora por toda vida tenha ouvido falar dele como uma espécie de Santo Graal... Tue, 8 Dec 2015 18:29:06 -0200 Meu caro arquivista... sem assinatura Algo conta a mesóclise? |
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