Arrogâncias
12/07/18
Muita arrogância e pretensão transparecem em inúmeras manchetes distribuídas sem preferência pelos órgãos de divulgação. Dizem elas "entenda tais fatos ou tal assunto", arvorando-se, o veículo, em detentor de sabedoria inquestionável e implicando, igualmente, a incapacidade de compreender do leitor. Enquanto escrevia o parágrafo anterior, chegou-me uma mensagem pelo telefone celular. Ela começa assim: "ENTENDA SUA OFERTA..." É absolutamente verídico, não inventei nada para fazer aqui ficção. São novos tempos de um milênio novo e as relações bem como as convenções de convivência sempre mudaram ao longo dos séculos e continuam a mudar. Trago em mim vestígios de outras épocas e por isto pasmo face àquela arrogância, diante da atitude pretensiosa de donos da verdade daquelas manchetes, mas isto é mero detalhe, insignificante. Os critérios editoriais sofreram uma brutal reviravolta. A era do compartilhamento e participação determinou novos rumos nas relações dos editores com seus consumidores — leitores, ouvintes, espectadores ou o que for, em tempos de realidades virtuais com consultorias científicas. Esgarçam-se os véus que, ao longo do tempo, separaram os fatos da ficção. O noticiário mescla-se às intermináveis novelas da televisão, a "maquininha de fazer louco" de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Aliás, não apenas a mídia se transforma em show, tudo busca spotlights e luzes da ribalta e até juízes se pretendem performers nestes tempos de mudanças turbulentas. O entendimento, a compreensão depende mais do receptor que do expositor. Ignorar esta verdade apenas ressalta a arrogância daqueles títulos iniciados pelo imperativo "entenda". Que se respeite uma eventual ignorância, se for o caso, subordinada ao direito de cada um escolher o que lhe apraz compreender, inclusive nada. |
Thu, 12 Jul 2018 21:41:08 -0300 Quer me ver não clicar em algo é escrever “clique e entenda”. Detesto essa abordagem. :D Adorei. Wed, 18 Jul 2018 16:35:38 -0300 isso mesmo. somos insubordináveis. sem assinatura você adora qualquer insubordinação, né? |
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