Crônica do dia

Árvore de pelúcia

19/09/05

Domingo cinza de céu fechado, frio e vento. O dia clareia, encantador. Tudo parece cinza-escuro. Tudo, não, há branco nas pontas de alguns ramos, os mais externos, os mais altos da jabuticabeira. A surpresa das primeiras flores! É a segunda florada do ano chuvoso. Na outra, foram poucas frutas.

Sábado, fui ver de perto os botões. Achei que nunca deu tanta flor. Botões desde o chão, literalmente. Pencas com abundância de cacho de uva. Cachos de botões espetados. No domingo, o branco se destacava antes mesmo do sol nascer.

Apesar da agressão e da aparente mudança que já se nota, apesar da miopia do Bucho e de nossa incomensurável ganância, apesar de tudo a primavera cumpre seu tempo, fidelíssima ao relógio solar, à duração do dia. Dia 17, a cinco dias do equinócio, aqui, 23º 34' 21" de latitude sul, 46º 51' 10" de longitude oeste, foi mais próximo das 12 horas ideais de dia e noite iguais em toda parte, o equinócio.

A marinha dos Estados Unidos indica 12 horas (precisão de minutos) no sábado, dia 17. Um programa de astronomia calcula, para aquele dia, que o sol nasce às 6h 2' 2" e se põe às 18h 1' 57" - dia de 11 horas 59 minutos e 55 segundos. No equinócio, o dia 22 durará 12 horas seis minutos e 41 segundos. Mistérios da astronomia que não sou capaz de entender.

Ontem, por volta das onze horas, do domingo, um perfume forte e conhecido chegou aos fundos da casa. Estranhei que tão poucas flores pudessem perfumar tanto, mas ventava. Ventou o dia todo. Dei a volta para ver de que se tratava, pois há flores de toda cor por toda parte e descobri uma encantadora árvore de pelúcia como nunca vi.

Flores em abundância como pêlos. Não são de um branco absoluto, as flores, há um toque de verde. A cobrir a árvore, uma pelúcia inédita, que não existe no mundo animal.

A segunda-feira chegou feia, com chuviscos...

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