'De repente, o céu escurece e um vento forte faz chover folhas que a mal começam a amarelar entre outras. A natureza se agita e as árvores se inclinam às rajadas mais fortes. É como se algum furacão desgarrado se aproximasse com ameaças de temporal. As aranhas correm para um dos pontos de fixação de suas teias. A luz do poste se acende alaranjada. Grandes folhas também voam como pássaros e uns raros pingos miúdos salpicam a paisagem. Tudo se agita como a força do vento e os sons, também, crescem e somem. Cada bicho procurou seu abrigo. As primeiras trovoadas chegam afinal. Parece uma terrível tempestade de onde se enxugou toda água...' Antes mesmo que pudesse desabar, como desabou, anteontem, segunda-feira, dia quatro, a tempestade de ventos fortes pôs por terra, literalmente, um cabo de eletricidade, entre dois postes, rompido no desentendimento com os ramos de uma árvore e, demorou trinta e três horas até que se repetisse, por aqui o celebérrimo 'fiat lux', às 23h25 de ontem, quase hoje! Na segunda, a tempestade chegou como tormenta de verão em maio, a estação das mais belas luzes. Chegou a despejar pequenas pedras de gelo, do tamanho mais ou menos de grãos de feijão, mas durou pouco. Em menos de meia hora o céu já se rasgava, aqui e ali, em suaves azuis. Trinta e três horas desconectado de tudo descortinaram paisagens noturnas que luzes apagam. Uma lua quase cheia pintava cenários de dia, onde batia, e deixava mergulhada no negrume geral toda sombra. O espetáculo da abóbada estrelada, com Órion, Centauro, o Cruzeiro e Sírius a disputar com a Lua nossa atenção. Todavia, durou pouco o espetáculo e as luzes dos postes logo voltaram para tudo ofuscar... |
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