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Campo de várzea06/03/06Domingo de sol tem futebol. Do lado de cá, o campo de várzea não fica no vale, mas quase no topo do espigão, em terreno preparado para a construção de milhares de cubículos empilhados que, por qualquer razão, emperrou. Talvez por ser acesso à senda estreita que serpenteia e leva ao fundo do vale. No campo, a vista compete com as jogadas. Domingo ensolarado, times uniformizados e o jogo parece de televisão. Um time de calções brancos, camisas pretas com escudo circular, no meio do peito, em branco e vermelho; meias cinza médio. O outro, com camisas e meias de um vermelho intenso e vivo e calções brancos. Era difícil saber se havia mais gente no jogo ou na platéia, em poucos bancos de tábua e pelas beiradas dos barrancos. Os gols não têm rede, claro e um chute mais forte pode pôr em risco a sorte da bola, com o vale de um lado, mato ralo onde jogam lixo, do outro e, por fim, a avenida, asfaltada nas últimas eleições. Em barraca precária se vende churrasquinho, feito ali mesmo, e cerveja. Como o público era escasso, duas imponentes bandeiras ocupavam o lugar da torcida no lado do despenhadeiro, fincadas no chão, por trempe a 45 graus, como nas fachadas mais imponentes de castelos europeus, mas de colorido africano: dividido por duas diagonais, o retângulo tinha cores puras nos quatro triângulos - verde, vermelho, amarelo e preto. Lindas bandeiras. Pena não ter vento. Enquanto isso, o time vermelho marcou um gol. Neste momento, os demais jogadores de vermelho correram aos gritos e se atiraram sobre o autor da façanha... A platéia, com cervejas e espetinhos, não comemorou. Os de vermelho deviam ser os visitantes. Tudo parecia muito calmo e aquele talvez fosse um jogo preliminar, pois o sol ainda ia alto e o dia custaria a terminar. O calor era grande e, sem andar, suava-se bastante sob o sol. A segunda-feira chegaria com trovoadas e um temporal. |
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