18/01/00
Delineia-se o caos nos riscos negros que sublinham nuvens chumbo do céu de trovões e luz e raios e repentinos rasgos de azuis e alusões ao verde. Relampagueiam coriscos e cores de laranja orladas de ouros vertentes e vertidos em derramamentos repentinos, que desafia cidades absurdas e enigmas milenares - é verão!
Os homens recolhem a química que semearam em seus campos e sorriem próteses perfeitas e imaculadas de sabão em pó! As mulheres voltam e a terra é fértil, cheia de minhocas, quando seus ventres incham em ostensórios de deuses que se parirão em sementes de diabos.
Não será vossa ínfima corupçãozinha que fará diferença nessa teia de podridão - sussurra Satanás à direita e à esquerda, e suas diabinhas ecoam: não será, não será... Não - no meio da gigantesca teia de abraçar na rede a bola azul, teia do tamanho do mundo, da largura dos pantográficos dáblios a se multiplicarem nos sorrisos em inglês das diabinhas, para inglês ver.
Crianças são treinadas pouco a pouco. Treinadas para o futuro. Serão soldados - soldados disso e daquilo. De pátrias, se houver, ou de alguma metamorfose de pátria em corporation, uma Co. qualquer. O maníaco do parque foi o bilu-bilu da mamãe. O sem-teto, de quem é impossível se aproximar, pela catinga que fede, foi o bebê cheiroso da mamãe... O político que mata com sua falta de escrúpulos também esteve anjinho acalentado em berços de sedas e cetins...
IPO - Instituto de Proteção ao Otário! Tia Sophia chegou com a novidade: criar tal instituto, pois nas fantasias de consumidores, contribuintes, eleitores, cidadãos, clientes preferenciais, ilustre passageiro, pacientes, remetentes, destinatários e, às vezes, com o perigoso risco de virar simples elemento, capaz de ser trancafiado em viatura, o que somos mesmo, em todas essas fantasias, é otário. Por isso, a boa velhinha quer criar a instituição que, por arrebanhar todas as alternativas, poderá faturar bem mais que as congêneres...
Logo passa - é chuva de verão.
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