Cenas à beira-mar
25/10/16
Perceber a matéria, o mundo físico, o espaço, a dor, a materialidade de um vendaval... Tudo tão distante da realidade das realidades virtuais... e logo se distraiu ao perceber serem os passos mais firmes na areia apenas úmida e mais ineficazes no substrato encharcado... pé direito , pé esquerdo, pé direito , pé esquerdo... a inclinação da areia dificultava a caminhada rumo ao peixe fora d'água. Devaneava com o teletransporte da matéria e quando uma agitação longe, na faixa da areia lhe captara a atenção. Logo rumou naquela direção e lhe veio a imagem bíblica dos apóstolos caminhando sobre as águas mais facilmente do que ele caminhava ali. Seguiu adiante com curiosidade crescente e pensou: "se for um peixão talvez não consiga, sozinho, o devolver ao mar..." Vieram conjecturas sobre o peixe a se debater. Por que teria encalhado? A onda que o trouxera teria voltado rápido demais e o animal perdera a carona na volta? Ou se distraíra com algum petisco, um tatuí, um vôngole ou outro habitante das areias molhadas? Multiplicavam-se em si as possibilidades e, na aposta implícita em toda caminhada se aproximou do movimento a lhe atrair a atenção. Porém, olhou a cena perplexo: as poderosas nadadeiras caudais a se debater com vigor nas franjas das ondas não eram de um peixe. Ouviu um grito dentro de si: "sereias não existem! Não passam de fruto da imaginação humana!" Neste momento o telefone tocou. Indeciso entre atender a ligação e cumprimentar o que lhe parecia uma alucinação, desligou o celular depois de conferir quem chamava, sua esposa... Um "olá" engasgara em seus lábios. Estarei louco? Dirigir-me a meu próprio delírio? Falar com uma fantasia de minha imaginação? Loucura! E, entre tais divagações, de repente lhe escapou o "Olá!" O disse alto e bom som, inclusive com aquele ponto de exclamação. Quiçá continuará... |
Tue, 25 Oct 2016 16:46:19 -0200 ... e tomara que suas "alucinações" sem assinatura Eu me atrapalho todo nesta tentativas de ficção... Wed, 26 Oct 2016 17:57:12 -0200 ... e que bom reencontrar a sua maneira tão particular de contar uma história vivida.... Bom, sempre, ouvir tuas palavras! Fri, 4 Nov 2016 18:56:23 -0200 ... mas é claro que vai continuar, sem assinatura :-) |
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