Cena zero04/10/06 |
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Papabento era guardador de rebanhos de gorilas. Zelava que lhes não faltasse pasto e saúde física e mental. Um belo dia, Papabento decidiu impor um código, com meia dúzia de regras, que lhe pareciam apropriadas a pôr ordem na promiscuidade, que se alastrava e consumia quase todo tempo e energia a medida que seus rebanhos cresciam e se multiplicavam. Simplício fazia grandes alegorias para pequenas escolas de samba que, como as grandes, já não cuidavam mais de ensinar samba ou a sambar mas, com afinco, da obtenção e dos próprios interesses de incentivadores e patrocinadores. Eram tempos modernos, costumava dizer, mas naquele dia Simplício foi direto e disse na lata à doutora em artes e ciências humanas: "deixa eu explicar uma coisa pra você, homem é diferente de mulher nesse negócio de gostar, homem pode ter várias mulheres ao mesmo tempo..." Enquanto isso, os gorilas detestaram os mandamentos de Papabento e quebraram as pedras da lei. Por haver uma gorila mais atraente e que, melhor que as outras, atiçava a cobiça dos machos, estes logo começaram a discutir e a brigar por ela... O maior e mais forte venceu e ficou com a prenda. Depois, tiveram um gorilazinho forte como o pai... A doutora em artes e ciências humanas retrucou, interrompendo Simplício, que "dependendo das circunstâncias, as mulheres também podem ter vários homens ao mesmo tempo..." e, depois de hesitar um instante, "e, não raro, até no mesmo dia..." Ah, carregamos Papabentos e Simplícios e doutoras em artes e ciências humanas e um milhão de personagens no fundo de nós! Inclusive gorilas, que de tanto selecionar o macho mais forte para a próxima geração, por milênios, 'fabricou' machos que pesam mais do dobro das fêmeas. É impossível igualdade sem compreensão do todo. Da carga que nos pesa desde muito antes de cobras, lagartos e jacarés... |
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