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Cheira mal12/07/05As sete malas de dízimo do senhor deputado pastor incitam o verdadeiro poder que elas sem dúvida cutucam, com pau cotoco, a reagir de pronto e sublinhar a única revolução possível, malgrado improvável e utópica como toda revolução. João Batista, que não derramou água nem lágrimas sobre Cristo nem conheceu a outra Maria, a que veio de Magdala, disse amar as malas - as não queria largar. Ignorou sua tropa de choque em choque com outra, dona do terreiro e que, juntas, chocaram aos que viram o gracioso balé. João Batista buscou com afinco o plausível até o encontrar em obscuro corredor de sua mente e o apresentou com uma explicação: levo assim tal imundice, que recolhi para alívio de penas e almas da fiel torcida do pregador e zelo no pastoreio do rebanho universal, por um motivo - banqueiro detesta contar dinheiro. Ao proferir tais palavras o solo tremeu. As cortinas do templo se rasgaram de alto abaixo e Ivan, o terrível furacão do ano passado, fez sentir seu bafo. Tio Patinhas interrompeu seu banho e uivou como lobo ferido de dor profunda e, sem margaridas ou patos, chamou Zé Carioca - era preciso malandro experiente. Se acho fedor de dinheiro a ofensa máxima ao olfato, tudo bem. Para mim, nenhum excremento ou podridão fede mais. Agora, que banqueiro não goste de contar dinheiro, ameaça o mais profundo e sólido alicerce da sociedade. Desta, que conhecemos. E o clamor clamava: esse João Batista do pastoreio universal precisa ser banido, exterminado. Não prega, esgarça. Dededrizem-no! Cego, o deputado do avião pagador - ou seria do dízimo periódico voador? - não percebe que se o rebanho decidir guardar seu próprio dinheiro, apesar do cheiro, levar e trazer seu numerário, como diz o eufemismo maldoso, usar colchões em vez de bancos... Rui a civilização... De um golpe rui o milenar empilhar de grão em grão.
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