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Cheiros05/09/05Cheiro de mim. Locução feminina. Não gramaticalmente, lógico, biologicamente: o olfato da mulher é muito mais desenvolvido que o do homem. Pesquisas o provam e velhos o sabiam há muito. Odores, via de regra, são primazia de mulheres. Daí o gênero da locução. Enquanto que supor que demonstrou algo cristalinamente e explicou mais que o necessário, o que esconde auto-elogio a uma lógica fulminante, é coisa de homem. Mulheres explicam com uma palavra, um sorriso, um olhar, um sussurro, um carinho, um silêncio ou, em casos extremos, uma lágrima. Argumentos que não admitem réplica. Já, partir de uma idéia e se perder no caminho distraído por borboletas ou qualquer derivativo é coisa deste aprendiz. Talvez, também, de Chapeuzinho Vermelho. Ia falar do olfato e da mulher porque me acudiu uma que se encantava com seu próprio cheiro. Daí o título, a idéia original. Todavia tomamos outros atalhos e ela, a mulher, e seu egocentrismo olfativo já não cabem mais aqui. Assim como outras histórias de cheiro e mulher, que me ocorrem só por ter tocado no assunto. Quase todas impublicáveis. Há muitos anos um pequeno pé de madressilva perfumava tanto, em certa época, em certas horas, que até o nariz cego de um macho se encantava com a delicadeza e delícia daquele cheiro. Pois bem, procurei mudas e consegui, há muito tempo, cobrir um bom trecho de alambrado com a trepadeira. Hoje, há abundância das mesmas flores a se derramarem de uns dois metros e meio. No entanto, só em raras ocasiões lhes sinto o perfume. Para mim, o olfato, é o último dos sentidos. Quase não existe. O cachorro, por outro lado, me vê e, ainda assim, vem até mim farejando cada centímetro de chão que pisei. Ele não acredita em seus olhos. Eu, em meu nariz. Meço meu olfato pelo estado da torrada que vou socorrer ao sentir cheiro de queimado... |
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