crônica do dia

Duro na queda

02/09/05

Duro na queda, como boxeador de poucos neurônios, o grande terrorista resiste. Não cai, não cede. Cego pelas pancadas, se levanta e golpeia o nada na esperança de acertar qualquer coisa, de ainda forjar orgulho, pujança, poder.

O presidente Bucho cortou uns dias de suas vacances de cow-boy para sobrevoar, em sua fortaleza voadora, a cidade afogada. Não fez cara alguma e, sempre com a mesma expressão inexpressiva, prometeu esmolas, orações, migalhas e conclamou a todos avisando que ele, filho de Bucho, faria o possível e, portanto, contava com a ajuda de todos, de toda a comunidade mundial como um todo e como uma totalidade global.

O presidente Bucho não chamaria os porta-aviões nem os helicópteros, que empresta a Hollywood para os filmes sobre Vietnã e demais guerras. Não convocaria adolescentes machos, acostumados ao matadouro e a matar. Não mencionaria os bilhões - talvez sejam trilhões como poderiam ser quaquilhões, para mim é tudo igual, impalpável! - as fábulas gastas com armas e games que a tevê exibe nas noites quentes de Nova York. (Nas frias, cantam o Jingles Bells com as renas, que conhecem pelos nomes e Santa Claus).

O presidente Bucho pensa no Irã, na Coréia, no Chaves - o da Venezuela, é claro, não o do sibetê -, Não pára de pensar no petróleo, no petróleo, no petróleo... Pensa no Iraque, no Laden, o bin, no Paquistão, no petróleo, no petróleo, no petróleo... Pelas escotilhas acanhadas do US número um só ele sabe o que o olhava, naquela volta das férias, ainda a limpar a gordura do último churrasco, a lhe escorrer pelos beiços e, lá em baixo, passavam brancos e negros encarapitados em telhados, esgoto, rio, mar e água de beber, tudo debaixo d'água e, além, plataformas de petróleo danificadas, oleodutos rompidos, refinarias inundadas. Petróleo, petróleo, petróleo..

da internet

É uma bênção não poder ler o pensamento alheio.

 

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