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Crônica Cruel01/09/05Atenção, atenção! Se você é fanho, gago, tem língua presa ou uma rouquidão crônica, cavernosa e, apesar de tudo, sempre sonhou em ser locutor ou locutora, não se desespere, é simples e indolor: faça uma faculdade de jornalismo ou, se for grande a pressa e pequena a paciência, compre o diploma, que sempre há por aí quem os queira vender e, pronto! Canudo na mão e eis o álibi, o abre-te Sésamo, o passaporte para todo microfone! Hoje, ruim da cabeça ou doente da voz garante salvo-conduto a ouvidos indefesos e tem alvará para azucrinar tímpanos desprotegidos em nome da liberdade - sempre a liberdade! - liberdade de tudo: de expressão, é óbvio, de credo, de cor, de gosto - que gosto e cor não se discute! -, de sexo, de preferência, sexual também, de taras, de confissão e opção, inclusive as inconfessáveis. Depois, microfone na mão, rumo à fama, ao estrelato, à glória in excelsis Deo, salve Regina, Maria, Joaquina e toda a cambada. Alguns microfones, então... têm o poder de um foguete balístico intercontinental, de ônibus espacial, de um transatlântico inter-estelar - depende do logotipo, é claro, tudo depende do logotipo que serve de prepúcio ao microfone. O caminho lhe parece longo? Há um atalho... Atalho aberto à moça certa, que seja agradável de se ver - pois que voz, pouco importa - ora bolas... a voz! - Se assim for, lhe basta rápido curso de meteorologia. A rigor, nem precisa comparecer. Que aprenda o bê-á-bá da passarela, como desfilar diante de fotos de satélite, trejeitos e insinuações, a posição do quinto dedo, bocas, piscares e tal. Afinal, é tempo de mulher do tempo e de boletins recheados de afetação. Talvez fosse o caso de dizer metereomoça, como aeromoça, ferromoça, rodomoça e toda a moçada que atende passageiros, ilustres ou não, e deputados faceiros que tomam runs creosotados...
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