É tempo de choro, copioso. Choro da natureza que, pouco a pouco, assenta a poeira mais fina. Lava o pó que por muitos meses tingiu tudo. Moldou folha por folha, capim, pêlo, pau - tudo em paisagem de barro, em artes de mestres vitalinos. A chuva repõe as reservas visíveis e ocultas de água. Tudo bebe seu gole. Tudo deleita os sentidos - dos pequenos diamantes dispersos pelas folhas aos céus repetidos e recortados pelos chãos. Dos murmúrios de mil vozes diferentes de escorreres tamborilares e zunidos ao cheiro surpreendentemente familiar da terra, da lama, do pó... Pergunte ao pó, antes do verde explodir com tanta veemência!
Agora, é tempo de choro copioso. Depois volta o céu azul, o sol implacável, os dias longos, que se alongam mais e mais num convite a todos os mosquitos para noites de lua cheia, pela metade, que meia lua dessas basta para encher olhos e céus! Cadê o pó que sufocava aqui? |
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