Na década de quarenta, no Rio, um dos primeiros cursos de preparação para o exame vestibular às faculdades de engenharia e arquitetura era lá em casa, rua Sorocaba, 674. Na época, só existia a Universidade Federal, na Urca.
Nasci e cresci ao som de aulas, da sineta - em forma de camponesa, que também servia à mesa -, a marcar horários, de palavras sonoras e incompreensíveis - molécula! - que, repetidas provocavam reações repetidas dos adultos. Restam poucas pinceladas.
O lanche dos professores, na sala de jantar; alguns nomes: Riguetto, Bahiana, Baihense, que nem sei como escrever. Bahiana, o professor de química, não subia para o lanche. Preferia apenas tomar uma Coca-cola. Um dia, mudou para guaraná e a partir daí muito se murmurou sobre algo misterioso na fórmula da Coca. As crianças são ligadas nessas sutilezas...
detalhe de anúncio da Pepsi na revista Twen de 12 de abril de 1970.Quase 60 anos depois, acho num artigo publicado há 20 anos pelos psiquiatras norte-americanos Craig Van Dyke e Robert Byck, na Scientific American de março de 82, que começava assim: "Alguns centésimos de grama de cloridrato de cocaína, finamente moídos e arrumados numa superfície lisa, em linhas ou carreiras de pó, podem ser aspirados através de um pedaço de papel enrolado, em poucos segundos. A inalação logo produz sensações de superioridade e uma impressão de clareza e poder do pensamento, que desaparecem, na maioria dos casos, em cerca de meia hora."
O artigo é enorme. Lá pelo meio, os autores contam: "A variedade truxillense, ou 'Trujillo,' dessas espécies é atualmente cultivada no litoral norte do Peru e nas planícies do rio Marañón, afluente do Amazonas, no nordeste do Peru. Suas folhas são colhidas para serem legalmente exportadas para a Stepan Chemical Company in Maywood, N.J., onde a cocaína é extraída para uso farmacêutico e o que resta das folhas é preparado como flavorizante para a Coca-Cola."
Vai uma Coca aí?
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