Um cronista em curto-circuito: atordoado num mar bravio de pensamentos inúteis, cheio de 'idéias' em meio à ruidosa verborragia, na balburdia de muitas vozes a obnubilar a mente e nocautear emoções.
É um compasso vazio sem da capo nem fim. No Facebook vicejam vaidades de todo sabor e um turbilhão de sonhos de poder e fama. Ali, se proclamam velhas amizades dos que acabam de se conhecer. Não se apalpa esse mundo virtual. O tato encontra apenas teclas gastas, imundas.
A aridez do novo loteamento esculpido por lâminas de tratores no barro vermelho deste solo faz mais triste a paisagem. Estendem-se tapetes impecáveis para automóveis e caminhões, tapetes tecidos da borra preta de petróleo a rasgar perspectivas de imensidão.
Há dias cheios de ruídos e outros quietos, como hoje, sob um sol velado e uma sensação de espreita, mas o silêncio almejado não cala aos ouvidos, far-se-ia dentro de nós.
Nenhuma cena a descrever; nenhuma historinha a fofocar. Em pauta uma relação imponderável da leitora, do leitor com o aprendiz que finge fazer crônicas, o que chama, sem razão, de cronicar - palavra inexistente no vocabulário oficial.
Relacionamento é o parênquima social. Enfileiro letras neste texto como o bip-bip do Sputnik, primeiro alô sideral, um 'Oi', "você aí, me dá um dinheiro aí", da profecia de Moacir Franco a ecoar, hoje, em cada apelo por mensagens de celular.
Fagocitários de centavos, vermes monetários a repor em circulação cada tostão! Se o relacionamento une, o dinheiro mede com metro universal a metamorfosear valores: rico gosta do preço exorbitante que o elege na multidão.
Verão. Multidões nas praias. Carnaval. Tempo de cuidar do baby-boom de novembro. Viva as "rainhas da cor"! No comando, o baticum do tambor.
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