crônica do dia

confissões e cogitações

18/11/02

"É engraçado né? inexplicável como corre a simpatia entre as pessoas. Às vezes a gente vive anos juntos e não dá em nada. Outras vezes os encontros são raros mas marcantes."

O bilhete eletrônico é invenção de um professor de física apaixonado por uma estudante de computação de uma faculdade que ficava em um prédio próximo. As linhas telefônicas uniam os computadores e para falar com a amada ele desenvolveu os protocolos e sistemas que usamos até hoje. Se não me engano, a paixão era recíproca - a história dorme, inacessível em alguma revista daquela pilha ali...

O primeiro parágrafo me chegou por e-mail, a confirmar ser esta a maior de todas as maravilhas da internet. Invento sem patente, tributo de uma paixão à humanidade. Junto, veio outra mensagem que se não divulga assim, ipsis litteris, por envolver nomes próprios, explícitos no prenome e sobrenome.

Todavia é do conteúdo dela aliado ao comentário desta que desperto para a coincidência significativa, diria Jung, o Acaso, irmão do Mistério, preferiria Buñuel. O segundo e-mail traz notícia de pessoa que vi poucas vezes, há uns sete anos e de quem nunca mais ouvi falar.

Ainda assim, no recado transparece a simpatia mencionada na outra mensagem, a "inexplicável". Eu não precisaria ecoar com mais clareza que, sim, às vezes "encontros são raros mas marcantes."

Confesso que, uma coisa puxa outra e, pouco a pouco, aquela singela observação do início me mostrou uma série de simpatias distantes, cuja outra ponta não consigo enxergar. Incenso, sem dúvida, à eterna vaidade...

Cogito, mesmo sem alvará para tais lucubrações, de um lado se teria qualquer significado essa roupa não usada, que se deixou de lado para estar disponível e impecável nos sonhos e, de outro, se não se toca aí no estofo essencial da ânima, a parte feminina e terrível da psique masculina...

Cala-te!

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