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Crachá24/06/03Não param de me chegar mensagens, geradas pelo autômato do serviço de correio do Universo Online, como resposta às que enviei para quem o usa. Ironicamente, ela tem como título "AntiSpam UOL". A ironia é que a coisa, se já não se tornou um spam, falta muito pouco. A mensagem, industrialmente replicada pelos computadores daquela empresa, de nomes esquisitos como "shrek3" ou "zack4", se repete em duas línguas e pede confirmação da que enviei. A confirmação se faz através do site deles. Voilà: le bureau... e o burocrata a sorrir! O "American Heritage Dictionary" define "spam" como "e-mail não solicitado, em geral de natureza comercial, que se manda indiscriminadamente para listas, indivíduos ou newsgroups". Ora, não solicitei tais mensagens e é possível existir "natureza comercial" por trás dos "SPAM ANTISPAM UOL", uma vez que na tevê se vê reclame sobre as vantagem de tais serviços. E mais: em toda parte se escondem contadores de cliques. Junte-se ao leite derramado marqueteiros e burocratas, bata-se tudo no liqüidificador e, para ver no que dá, deixe-se fermentar e crescer... Hoje, a segurança pela qual tanto se clama, ameaça a poderosa empreitada incumbida de garanti-la. Temem um mundo tranqüilo dos fabricantes de armas - que não se consideram terroristas! - aos nordestinos, que se abrigam da fome nas cabines de plástico pela noite fria. O Ministro da Cultura, há muito, gozou em canção de um segurança por lhe pedir o crachá. Agora o UOL inventa o crachá do e-mail! Há prédios onde não se pode entrar sem rigoroso exame e minuciosa identificação, às vezes com registro em vídeo e filme do incauto e documentos, antes da emissão do crachá, a se pendurar como faz com as malas. Pior para quem costuma mandar curiosidades, recortes, piadas ou croniquins para mais de dez amigos: só passa pelo segurança do UOL se mostrar o crachá!
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