auto-retrato 

Dependência

11/07/12

Faltava pouco para sete horas e, no céu azul, algumas nuvens rosadas passavam com rapidez de sudoeste para nordeste. A lua em, quarto minguante, culminava a abóbada, como referência a salientar a rapidez do deslocamento rosa sobre azul. Cores belas e efêmeras: em poucos minutos, a tonalidade intensa e rosada se diluiu até o branco. Conspícuo, um ponto refletia com fulgor o sol nascente. Deslocava-se de noroeste para sudeste e chegou em silêncio: o ronco de suas turbinas só surgiu ao passar sobre nossa cabeça.

A quarta-feira amanhecia ainda ensolarada, apesar das previsões da meteorologia anunciarem a aproximação de uma frente fria e, com ela, chuva e frio para este lado de cá do fim do mundo. Fui fazer café: abandonei o tabaco, mas continuo dependente da cafeína. Com que facilidade se criam em nós dependências de todo tipo! Era preciso aproveitar a manhã antes de se cumprirem as previsões. O termômetro indicava, no exterior, 13 graus Celsius, ou 56 Fahrenheit, no amanhecer deste vigésimo dia do inverno.

Agora, o sol tinge de luz os topos das copas e, do outro lado do vale, realça o casario com iluminação oblíqua. Um pica-pau escala, aos pulos, um ramo do abacateiro, ainda com seus últimos frutos. Aparecem muitas vozes de outras aves, sob o céu esgarçado em branco e azul. O augúrio de frio e umidade parece fadado a se confirmar.

Há uma hora acompanho as mudanças neste dia de virada. Alguma nuvem encobriu o sol e céu se fez branco com escassos vestígios de azul. Um vento frio sopra agora acompanhando o deslocamento das nuvens, sempre de sudoeste para nordeste. Com o sumiço da luz solar tudo parece entristecer-se. A cantoria de passarinhos calou.

Como somos dependentes, também, da luz e energia vivificadoras de nossa estrela! Ei-la de volta, por algum buraco entre as nuvens! Viva o sol!

Wed, Jul 11, 2012 7:52 am

Gosto tanto dessas imagens sugeridas pelo fotógrafo-aquarelista. Uma paisagem como a descrita pelos artistas que vieram com a missão francesa. bj e parabéns

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Obrigado, mas não exagere, apenas me apraz olhar a vida. Continuo a me deslumbrar com ela e nosso planeta.


Wed, Jul 11, 2012 8:04 am

Oi Clode
Sim... viva a luz - e o café de cada dia!
beijo!
Aida

Tim-tim! Viva!


Wed, Jul 11, 2012 11:38 am

viva, viva, viva o sol!
por isso q fiquei tão deprê qdo na Inglaterra, em Lancaster
não era o frio, era o cinza
entendi no caminho de volta do aeroporto pro leblon
o azul e verde, o contraste do céu e das arvores da minha terra

vc escreve cada dia melhor .... muito gostoso de ler, poético, sem desperdício de palavras
um beijo e boa quarta feira
Maren

Sim, dependemos não só biologicamente de nossa estrela, mas psicologicamente também. Obrigado. São já quinze anos de aprendizado...
:-)


Thu, Jul 12, 2012 1:44 pm

LIIIINDO!!!!!!! vc é o rei da descrição da natureza! cheguei a sentir o frio quando vc escreveu que o sol sumiu!

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Merci. Olhe e sinta sem palavras que as palavras virão.

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