"Diluem-se os primeiros véus. As caras sacanas das segundas intenções deixam-se já adivinhar." Ainda gosto, embora, hoje, é provável, dissesse que "as caras sacanas das segundas intenções já se deixam adivinhar" e que os véus se adensam, pois não tenho faro nem tato para transitar no ruço que abraça com apreço o cocuruto da montanha de dias, exatos 3652, empilhados desde da primeira croniquinha, feita na correria para inaugurar o 7783 em Paris, Metro da GeoCities, em 17 de agosto de 1997 que, é óbvio, ali não existe mais. Quando tive dez anos, menos de quatro mil dias de vida, o minguado quinhão que vai dos tais 3652, bissexto a mais, bissexto a menos aos quatro mil e pouquinho, este exíguo prazo me pareceu eterno, como costuma parecer aos que têm dez anos. Depois, mais velho, os vi como os melhores dias de minha vida e, agora, acho tolice querer eleger a idade campeã. Além do mais, como comparar o que nos está defronte com a imagem fugidia que se colore como quer com os lápis da imaginação? Não, não tem comparação, mas que dez anos é uma idade fantástica para um menino, isto é! Naquele 17 de agosto, segunda-feira de lua cheia, tinha de inaugurar o espaço reservado na cidade virtual para não perder o 7783. A crônica inaugural do "Palavra" foi escrita dois anos antes, na viagem de metrô que descreve. O fato do bairro da GeoCities ser Metro, Paris, foi obra do Acaso. Já o do tema abordar a beleza feminina, corriqueiro nas obsessões deste aprendiz, a ele não se pode atribuir. Falei de duas moças, uma feia, outra bonita. Uma recatada, outra loquaz. Uma querendo se recolher ás páginas de um livro e outra a derramar pelo vagão seu dia no escritório. Ah, onde a varinha mágica para as vislumbrar agora? Filhos? Maridos? Fortuna? Fatalidades? Desventuras? Que importa, qualquer que seja a situação, a vida é maravilhosa! |
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