Aprendi com dona Maria Regina - ou teria sido outra das maravilhosas professoras da escola pública? - que a primavera é a estação das flores; no inverno as árvores acenam seus ramos nus a um céu pálido e frio; outono é tempo das frutas e nele as folhas caem e o verão, bem no verão o sol brilhava, estávamos em férias e a praia estava lá, o sítio acolá e alegria se fazia em todo lugar.

Eram as Estações das estampas que ela expunha na sala de aula - cromos, desenhos brilhantes colados em cartão - e dos livros. Desenhos talvez importados de outras latitudes que, não raro, tinham o tempero da neve, algo impensável num Rio de Janeiro onde raras árvores ousavam a nudez, ao contrário das pessoas. Durante o primário e o ginásio nunca precisei mais que um casaquinho de lã, azul marinho, de tecido fino como flanela. Menino não sente frio.

Não sei se hoje você vai ler isto aqui no outono, na primavera ou se já será inverno ou verão. Tudo é possível. Os astrônomos dizem que quando o Big Ben marcar seis minutos da noite de hoje, depois das dezoito horas, o sol cruza o plano definido no espaço pelo trajeto da Terra ao redor do Sol, o plano da órbita e é este momento singular que assinala o verão e o inverno, conforme o hemisfério a receber graças e delícias da estrela que nos semeia vida e é fonte de toda energia.

pêndulo de Foucault

Ao sul, se passa do outono ao inverno; no norte, da primavera ao verão. Dias assim, de quatro estações, assinalam solstícios e equinócios. Aqui, hoje, corra quem quiser aproveitar o dia: teremos sol apenas 10 horas e 41 minutos ou, com exatidão astronômica, 10 horas, 40 minutos e 55 segundos! Já Barcelona, por exemplo, gozará em seu dia mais longo do ano de 15 horas, 30 minutos e 11 segundos. Em dezembro o pêndulo estará no outro extremo, a Terra no vértice oposto da órbita, muito cara, o vice-versa da coroa.