Dificílimo
10/10/16
Estudar e ser ao mesmo tempo o objeto do estudo - eis, há milênios, a receita para o ser humano se superar e dar os primeiros passos nas veredas da sabedoria, mas perceber-se como sujeito em estudo não é tarefa fácil. Ao mudarmos nossa atenção para o próprio íntimo, em busca de acompanhar como as coisas se passam ali, é possível que tal mudança de foco interfira naquele desenrolar e, caso aconteça, cumpriria apenas acompanhar e buscar compreender o todo. Busca-se com afinco vida muito além de nossa atmosfera. O sonho de um extraterrestre - primeiro o "marciano" e depois o "etê" -, ilustra a humana esperança de encontrar explicações para os questionamentos primevos na vastidão do espaço cujos limites não pode determinar. Esta busca é em si uma louvação ao milagre estupendo da vida. Glorifica o fantástico passo da matéria aprender a cuidar de si, a se desenvolver até descobrir como fabricar réplicas de si e zelar pelo sucesso dos descendentes. Enaltece o mirabolante salto de simples matéria inerte até se tornar um cérebro capaz de entender, perguntar, elaborar filosofias e, quiçá, plasmar deuses e testemunhar fantásticas transformações se acumularem ao longo dos milênios, em um ritmo de crescimento exponencial, tornando impossível a um único cérebro deter, como acontecia no passado, todo o conhecimento... E nem seria preciso voltarmos à Idade da Pedra para nos pasmarmos com o salto fenomenal dado pela humanidade, bastaria a Idade Média com suas cozinhas partilhadas com porcos, galinhas e baratas ou mesmo a véspera da Revolução Industrial, suas máquinas fumegantes e escravização dos indefesos...
Apesar do progresso e salvo algumas exceções, seguimos indolentes alheios ao difícil estudo proposto há dois mil anos pelo menos, vendo tudo mudar à volta e continuando o mesmo. É difícil. |
Tue, 11 Oct 2016 18:54:41 -0300 Sim... muito difícil. Mas nós é que fizemos estas escolhas, né? sem assinatura Cada dia que acaba é o começo de uma noite... |
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