Dos 366 dias do ano, foram-se 244, faltam 122. Dos 93 dias do inverno, restam 41, passados 52, no planeta indeciso entre quente e frio. Aqui, os termômetros acusam 21ºC (70ºF) e, de vez em quando, o sol descobre alguma zona menos densa das nuvens para se fazer mormaço apesar do oceano sobre nossas cabeças, em permanente deslocamento a ameaçar com garoas, chuviscos e um ar encharcado.

As Olimpíadas de verão seguem em pleno inverno, o que as possibilita onde os termômetros, durante o verão, ultrapassam com facilidade os 40ºC (104ºF). Milhares de pessoas, investidas do título de atletas, lutam por superar outras pessoas em feitos aferidos por uma tecnologia super sofisticada e documentada com recursos aptos a esmiuçar, cada movimento, repartindo o tempo em frações infinitesimais.

Entre todos os animais, o ser humano sobressai pelo contraste extremo de seus feitos, opondo a capacidade maravilhosa de estender cada recurso de sua própria natureza à manifestação e aguçamento de atributos herdados de sua natureza animal, importantes em outras etapas para sobreviver e evoluir, mas incompatíveis com o convívio harmonioso dos seres na sociedade por eles erigida.

Os meios de comunicação refletem os extremos de emoção provocados por derrotas e vitórias nas infindáveis competições e, aos poucos, se desenha no placar de medalhas a estrutura de poder de nossa sociedade, a sublinhar o dito antigo: poder é grana. E entre mais de sete bilhões, sempre a crescer e se multiplicar, conforme a instrução inaugural, aumenta também a concentração da riqueza e, consequentemente, o estado miserável dos pobres, enquanto o circo segue em frente e a banda toca mais forte para calar eventual protesto e intimidar ao passar...

Do meio da balbúrdia, a pergunta: teremos batatas suficientes para oferecer aos vencedores?

Fri, 12 Aug 2016 18:53:54 -0300

Você escreve bonito, Mermão...

"Do meio da balbúrdia, a pergunta:
teremos batatas suficientes para oferecer aos vencedores?"

      sem assinatura

Quincas Borba, né? O sábio Machado já apontava o desperdício de toda disputa.