Do noticiário
19/01/16
Cerca de 73 milhões de pessoas (pouco mais de um terço da população do Brasil e menos de um quarto da dos Estados Unidos) ficam com metade da "pizza" da riqueza global; a outra metade é dividida entre os restantes sete bilhões 227 milhões de habitantes da Terra. Os cálculos vem de uma organização inglesa de combate à pobreza, a Oxfam, e serão apresentados no Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos próximos dias. A disparidade resulta, sem dúvida, de uma sociedade erigida sobre competitividade, culto à riqueza e estímulos ao individualismo, ao egocentrismo, à luta perene por mais, à idolatria de bens materiais, resultando em uma economia inexorável, impiedosa. Um detalhe pequeno mostra com ênfase a incongruência desses dois mundos, o dos muito ricos e o dos paupérrimos: o restaurante Manila Social Club, de Nova York, lançou uma rosquinha (donut) coberta com ouro 24 quilates, ao preço de cerca de meio salário mínimo brasileiro, cem dólares. Em muito lugares não existem tais rosquinhas nem qualquer alimento e a morte se apodera lentamente dos desnutridos. Tudo isto se poderia prever com a atual divisão da "pizza da riqueza global". A humanidade aparenta seguir sem consciência de si, guiada por instintos herdados do animal e a cuidar, prioritariamente, dos afazeres da reprodução. Os dados podem se tornar ainda mais escandalosos: as 62 pessoas mais ricas do mundo possuem tanto quanto a metade mais pobre, com mais de três bilhões e meio de seres humanos. Há um ano, aponta o relatório, eram precisos, para igualar a metade pobre, os 80 mais ricos; em 2010 (ano do maior valor na fatia dos pobres), os 388 mais ricos. Agora, uma dúvida: comem-se as rosquinhas folheadas a ouro, ouro puríssimo e o metal incorruptível percorre todo o trato digestivo para depois se perder nos esgotos dos poderosos? |
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